Que filminho mais fraco e decepcionante é Inexorable, produção francesa que fez sua estreia no Festival de Toronto 2021 e que, infelizmente, ainda não tem data de estreia certa no Brasil. Dirigido por Fabrice du Welz, cineasta que tenta ser provocativo e ousado, mas não o é, o longa-metragem conta a história de uma família em ponto de ebulição. De caos. Um suspense familiar.
Afinal, Inexorable conta uma história que já vimos dezenas de vezes por aí. Uma família rica, formada por Marcel (Benoît Poelvoorde), esposa (Mélanie Doutey) e uma filha pequena, se muda para uma região rural da França. É lá que aparece Gloria (Alba Gaïa Bellugi), uma mulher que vai entrando na vida da família ajudando com afazeres do dia a dia e ganhando protagonismo.
A partir daí, vemos as mudanças nos relacionamentos entre Marcel, a esposa e Gloria, que vai ganhando camadas, se intensificando e se perdendo. É um típico suspense doméstico sobre essa figura estranha que surge do nada e, como se não quisesse nada, vai alterando a forma dessa família agir, se relacionar e se comunicar, inclusive, com as pessoas do mundo exterior.
Ainda que du Welz insira algumas boas ideias em sua realização, tudo é muito banal em Inexorable. O cineasta até tenta inserir elementos de violência e sexo dentro da história, mas tudo é muito brando -- Silent Land, o grande destaque de Toronto, faz isso muito melhor e sem qualquer alarde. Tudo acaba sendo anêmico demais, até mesmo pasteurizado, esquecível.
Uma cena de sexo entre Poelvoorde e Doutey, por exemplo, surge com certa violência em determinada altura da história sem razão de ser. Não agrega absolutamente nada dentro da trama apresentada até ali, não tem motivo da tentativa de ser explícita e, enfim, é até mesmo mal dirigida -- uma levantada rápida no edredom mostrou a mecânica falsa da sequência.
A reviravolta final, que se pretendia ser chocante, também é óbvia. Dava pra ver ela chegando com uns 20, 30 minutos de antecedência. E a tentativa de ser chocante, sem sucesso, só expõe ainda ainda mais o fracasso do longa-metragem em ser chocante como um todo. du Welz queria muito, conseguiu pouco. Pelo menos as boas atuações justificam essa nota logo abaixo.
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