Filmes de sobrevivência geralmente não estão interessados em ideias e mensagens, mas no entretenimento – especificamente, na diversão de ver o jogo de gato com seus becos sem saídas. É assim em Escape Room, O Homem nas Trevas, Casamento Sangrento e, claro, com quase todos da saga Jogos Mortais. Violência pura com uns sustos ocasionais. Por isso, é interessante a premissa de Hora do Massacre, estreia desta quinta-feira, 18.
Dirigido por um coletivo de diretores intitulado RKSS, o filme começa com um grupo de ativistas ambientais que invade uma loja de móveis para fazer um protesto após as portas fecharem. Tal qual os ativistas que jogam tinta e óleo de motor em pinturas em museus, o grupo quer pichar as paredes, colocar palavras de ordem e mostrar que passaram por ali. Até que o vigia do local percebe o que está acontecendo e começa uma verdadeira caçada.
Hora do Massacre, assim, começa inevitavelmente político. Por mais que se assuma como um slasher em que acompanhamos esse vigia sádico matando jovens para todos os lados, o comentário sobre os ativistas surge. Mas como continuar a partir disso? Como desenvolver as ideias que surgem a partir do momento que essa situação é estabelecida?
O coletivo de diretores, assim, tenta “elevar” o gênero colocando algo mais para além da diversão e do entretenimento – algo como o que foi feito no genial e subestimado A Caçada, de 2020, que coloca a trama de sobrevivência em prol de um comentário sobre meritocracia e camadas sociais. O problema é que Hora do Massacre não sabe ir além desse início.
O ativismo dos personagens, que são caçados pelo vigia, perde relevância conforme o filme não desenvolve absolutamente nada da personalidade desse grupo. É como se fosse uma massa amorfa sendo caçada, perseguida, violentada. Nas tentativas de criar uma narrativa paralela para trazer algum interesse no passado desses personagens, o filme acaba caindo num tom cansado – o título original Wake Up (“acorde”, em tradução livre), passa a ter outro significado enquanto o público luta para ficar acordado nesses momentos sem força e vida.
Muitos podem argumentar, nesse ponto, que slashers geralmente são feitos de personagens bobos, juvenis e ingênuos. A graça fica com o vilão. Lembramos menos dos heróis e mais de Ghostface, Jason, Freddy Krueger e até de Michael Myers, apesar de Jamie Lee Curtis. Mas nem nisso Hora do Massacre, um slasher com medo de se assumir, consegue produzir. O tal vigia, vivido por Turlough Convery (Belfast), não tem uma história distinguível, não é crível e, pior de tudo, é mal interpretado pelo ator pouco experiente.
Obviamente, não haveria problema algum se o longa-metragem não trouxesse ideias e fosse mais um no meio da multidão, colocando personagens ingênuos – para não dizer burros – em uma caçada humana. O problema é quando promete, tenta e não consegue.
Hora do Massacre, assim, termina sem qualquer boa história, sem propósito e, principalmente, sem ideias, mesmo nessa tentativa de ir além do que o subgênero do terror anda fazendo nos últimos tempos. Nós, como público, não torcemos por mocinhos, nem por vilões. Eu, particularmente, só torcia para o relógio passar mais rápido enquanto o filme, mesmo com apenas 83 minutos, parecia se derramar e nunca acabar. Ficou só nas ideias.
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