Depois dos eventos de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, fica a sensação de que a Marvel não conseguiu encontrar o caminho de novo nos cinemas. Os filmes ficaram pálidos, sem vida, tateando em busca de um caminho que não é claro para a audiência. Não há mais uma empolgação sincera -- principalmente na Fase 4. Por isso, é um balde de água fria que o começo da Fase 5 seja tão mediano com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, estreia de quinta, 16.
Dirigido novamente por Peyton Reed (dos outros dois filmes da franquia), o longa-metragem não perde muito tempo: com dez minutos de filme, Scott Lang (Paul Rudd), Hope (Evangeline Lilly), Cassie Lang (Kathryn Newton), Janet (Michelle Pfeiffer) e Dr. Hank (Michael Douglas) são jogados para dentro do Reino Quântico após um problema em um experimento de Cassie. A partir daí, eles se separam em dois grupos e precisam encontrar uma forma de sobreviver e sair dali.
Inicialmente, há bons elementos dentro da proposta de Reed, principalmente em uma relação do filme com Star Wars. Difícil não traçar paralelos entre os personagens que aparecem nesse Reino Quântico com os mais variados cenários da saga de George Lucas, principalmente no que se refere à criação visual desses "extraterrestres". É, aqui, a parte mais legal do filme todo, quando parece haver algum tipo de criatividade surgindo em uma história diferente do usual.
Além disso, logo que nos é apresentado Kang, o Conquistador (Jonathan Majors), personagem que já tinha aparecido em Loki, o clima de ameaça ganha força -- ainda mais com a presença um tanto quanto bizarra de M.O.D.O.K., é claro. Parece um cenário positivo, em que Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania vai finalmente tirar a Marvel Studios do ponto morto e dar força para que, finalmente, comece a engatar uma história que traga elementos ao universo.
Mas não. Depois de um começo promissor e divertido, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania se torna absolutamente banal, pouco memorável, cansativo, esquisito. O filme simplesmente não consegue se desenvolver, andar com pernas próprias, e não encontra uma história de verdade para chamar de sua. O embate puro e simples entre Homem-Formiga, Vespa e Cassie contra Kang e M.O.D.O.K é a justificativa para tudo. Parece que o roteiro não sabia ir além do óbvio total.
Com isso, percebe-se como Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania mostra como a Marvel Studios ainda está exageradamente presa na Fase 3. Quando tenta criar novas histórias para o futuro, recorre à coisas que aconteceram lá atrás para surpreender e, no fim, só decepcionam. As pessoas, afinal, não querem que os filmes andem para trás, mas que avancem e encontrem novos meios de surpreender. Este novo filme de Scott Lang, uma pena, não consegue fazer isso.
Além disso, visualmente, o filme é uma preocupação só. Tirando os 10 minutos iniciais, o filme é puro suco de CGI: cenários, personagens, veículos. Tudo é digital e artificial. No começo pode até funcionar, mas é algo tão feio e sem vida que logo se torna cansativo, chato, monótono. E a preocupação surge justamente de como a Marvel vai conseguir trabalhar isso nos próximos filmes sem exagerar na dose. Eles precisam, urgentemente, encontrar um balanceamento real.
Enfim: Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania tem um começo interessante, momentos divertidos e um texto nonsense que chama a atenção. No entanto, infelizmente, é um filme que não consegue contar sua própria história e, acima de tudo, encontrar seu coração. Novamente está preso no passado e na tentativa de emaranhar novos personagens, tramas e vilões. Que a Marvel encontre o seu caminho, já que, agora, parece estar presa no Reino Quântico de ideias.
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