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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Homem-Formiga e a Vespa' é confusão de roteiro e de vilões


Homem-Formiga e a Vespa chega com uma grande responsabilidade aos cinemas. Afinal, além do primeiro filme ter sido uma agradável surpresa, a sequência chega logo depois dos ótimos Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita. São filmaços, com F maiúsculo, que criam uma grande expectativa por parte do público para com o universo Marvel.

Por isso, é difícil não sentir certa decepção com Homem-Formiga e a Vespa. Novamente dirigido por Peyton Reed (Sim Senhor), o filme tem uma premissa interessante: Scott Lang (Paul Rudd) está cumprindo sentença em casa após os eventos de Guerra Civil. Só que ele é chamado à aventura por Hank Pym (Michael Douglas) e por Hope (Evangeline Lilly).

O objetivo? Resgatar a Vespa original (Michelle Pfeiffer), que ficou presa no universo quântico após uma missão no passado. No mundo real, porém, as coisas também não estão fáceis: a antagonista Fantasma (Hannah John-Kamen) tenta impedir a volta da Vespa para se recuperar de um grave problema. E o contrabandista Sonny quer uma peça que só Pym tem.

Nessa descrição já dá pra ver o principal problema: muitas histórias, mais vilões do que o necessário e falta de foco. Calcanhar de Aquiles do malfadado Homem-Aranha 3, o uso de mais de um vilão é um erro fatal. Não funciona. Afinal, o antagonista é sempre um reflexo do herói. É assim que funciona. Mudar a fórmula exige um roteiro mais inteligente.

E Homem-Formiga e a Vespa, definitivamente, não tem um roteiro que tome essa responsabilidade pra si. Escrita a dez mãos, a história não flui. Com mais de um estilo narrativo, as diferentes subtramas se atropelam e dificultam que a história ganhe fôlego. É difícil embarcar numa viagem quântica quando há uma perseguição de carros ocorrendo ao mesmo tempo. Ou, ainda, desenvolver um bom vilão quando há dois em cena.

Sonny Burch, por exemplo, é uma caricatura. Interpretado por Walton Goggins, o vilão parece uma reprise do que o ator viveu em Tomb Raider. Não há motivação, não há identificação. Fantasma, que tinha tudo para roubar a cena no longa-metragem e ser melhor do que o Yellowjacket, é impedida pela confusão de narrativas. Mais um vilão da Marvel que se vai.

E Lawrence Fishburne (Matrix), como um antigo colega de Hank Pym, é completamente desperdiçado.

O que faz com que o filme não fique na lanterna no ranking da Marvel é a dinâmica do restante dos personagens. Paul Rudd (Mudo) volta a se apresentar confortável no papel e a aceitar sua função coadjuvante na Marvel. Michael Douglas (O Solteirão) e Michelle Pfeiffer (Mãe!) estão ótimos, ainda que esta última tenha menos espaço do que seria esperado.

Aos que estão ansiosos de ver Evangeline Lilly (O Hobbit) em ação, boas notícias: Peyton Reed volta a se sair bem no comando de cenas enérgicas e de tirar o fôlego, ainda que as brincadeiras com insetos e afins sejam encontradas em menor escala aqui. O humor, porém, é o que alavanca o filme novamente. Principalmente nas costas de Michael Peña, que volta a apresentar uma criação incrível de personagem. Faz rir e anima a audiência.

Homem-Formiga e a Vespa é um filme leve e despretensioso demais. Sim, é bom tomar um fôlego após os eventos de Guerra Infinita, mas seria preciso um pouco mais de coerência no que é feito -- algo que Homem-Aranha: De Volta ao Lar fez muito bem. Só o humor e a leveza, nesse caso, não salva. Falta potência, falta coerência, falta narrativa e falta um vilão. A torcida, então, é que a conclusão do longa dê, no futuro, a força que a história precisa.

 

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