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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Homem-Aranha: Longe de Casa' traz sentimentos conflitantes


O filme Homem-Aranha: Longe de Casa traz sentimentos conflitantes ao longo de sua exibição. Afinal, o longa chega carregado de expectativas e responsabilidades. Responsabilidades por conta do peso que a própria Marvel colocou na produção, como sendo o encerramento da Fase 3 da Marvel -- e não em Ultimato, como muitos esperavam. E expectativas por conta dos trailers recentes, que davam indicações de que a história do filme abriria possibilidades para um universo ainda maior e complexo.

No entanto, agora já dá para dizer que Longe de Casa, como deve ser, não vai tão longe assim. Dirigido novamente por Jon Watts (de De Volta para Casa), o novo filme do cabeça-de-teia acompanha uma viagem de Peter Parker (Tom Holland) e sua turma do colégio para a Europa. No entanto, ao invés de descanso, eles acabam encontrando muita emoção com ataques de monstros elementais que acontecem em várias cidades do continente. Para abatê-los, o mundo conta apenas com Parker e com outro herói.

É o Mysterio (Jake Gyllenhaal), um homem com capacete em formato de aquário que diz ter vindo de um universo paralelo. Segundo ele, a porta entre os universos se abriu depois do segundo estalar de dedos da manopla. Agora, monstros de lá estão por aqui.

Parece que é uma trama cheia de ramificações, situações complexas e situações mirabolantes -- é isso, aliás, que o trailer vende. Mas o fato é que Watts lembra da essência do Homem-Aranha e faz, novamente, um filme adolescente. Parker possui novas ameaças para lutar, mas também volta a ter preocupações da idade. Como conquistar MJ (Zendaya), sua paixão? Como lidar com Ned (Jacob Batalon), apaixonado por Betty (Angourie Rice)? Ou com o rolo de Happy (Jon Favreau) e May (Marisa Tomei)?

É a essência de Homem-Aranha, resgatada na excelente animação Homem-Aranha no Aranhaverso, que volta a dar as caras após viagens no espaço, mortes, e por aí vai. Claro: o Peter Parker de agora não é o mais o mesmo. Essas experiências não foram deixadas de lado e ainda influenciam no seu comportamento e, principalmente, no seu desenvolvimento. Mas o frescor do personagem volta, novamente, a tomar conta.

Afinal, os roteiristas Chris McKenna e Erik Sommers (ambos de De Volta ao Lar) encerram a Fase 3 de um jeito emocional, não racional. É aqui, finalmente, que se sente o impacto do estalo e, principalmente, dos 5 anos que se transcorrem até o retorno das pessoas que se tornaram pó. É algo que era muito discutido, que poucos entendiam como seria tratada, mas que finalmente ganha o contorno definitivo do Universo Marvel.

Já sobre a jornada envolvendo o personagem Mysterio, há pontos positivos e negativos. Gyllenhaal (O Abutre) está muito bem, como sempre. Consegue colocar camadas no personagem, trazendo um tempero a mais ao filme. No entanto, mais ao final do longa, é exigido um pouco mais de desenvolvimento do Mysterio. E aí, por culpa de um roteiro que não desenvolve o personagem tão bem ao longo de seus 130 minutos, falta. Fica um vazio de algumas situações que não encaixam da maneira que deveriam encaixar ali.

Vale destacar, também, que há uma boa química entre Holland e Zendaya (Euphoria) -- que, dizem os boatos, possuem um romance fora das telas. Eles funcionam como casal e despertam um sentimento bom de inocência e paixão adolescência. Batalon e Rice, que já foram casal no bom romance Todo Dia, também chamam a atenção juntos. É uma boa conjunção de elenco adolescente/jovem adulto e que é difícil de achar por aí.

Também é preciso destacar como Tom está cada vez mais incorporado ao personagem. Maguire ainda é o melhor, por uma série de fatores. Mas o atual portador da roupa vermelha e azul chega muito perto. Sua alegria por viver o personagem é contagiante e a vontade que dá, mesmo sete filmes e 17 anos transcorridos da primeira vez que o herói apareceu nas telonas, é de assistir mais e mais filmes do herói. Só faltam vilões mais interessantes e uma trama mais coesa, fechada dentro de sua própria história -- este quase chegou lá, se não fosse essa expectativa absurda que rolou antes da estreia.

Assim, Homem-Aranha: Longe de Casa é um bom filme. Não adianta achar que é esta história que irá trazer uma quebra ou uma disrupção em todo o Universo Marvel. É, como disse acima, um filme sobre o adolescente que começa a se tornar herói. Passa a ter duas responsabilidades ao mesmo tempo: salvar o mundo e conquistar a garota que ama. Não dá para colocar ainda mais expectativas em cima de uma história tão simples e juvenil. Se a Marvel assim fizer, irá estragar a essência do herói. Por isso, que fique assim. Simples, leve, divertido, com bons desafios. Forçar demais irá estragar tudo.

 

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