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David (Sven Schelker) e Jessy (Jasna Fritzi Bauer) formam um casal jovem, intenso e descompromissado, vivendo ao redor de sexo, festas e bebida. A coisa muda de figura, porém, quando ela anuncia que está esperando um bebê. Uma gravidez inesperada. Aí o mundo dos dois cai: primeiro tentam aborto, mas sem sucesso. Depois aceitam que terão a criança.
Só que após esse momento tão importante, um rapaz tenta abusar de Jessy no trem -- logo após o casal ser expulso de uma festa por transarem no banheiro. David, porém, não consegue defendê-la em nenhum dos dois momentos e se vê numa situação de fragilidade e impotência. A partir daí, ele passa a tomar anabolizantes para proteger sua família.
Essa é a premissa do drama suíço Golias, que integra a programação do 7º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo. É uma temática, de fato, pouco abordada no cinema -- de pronto, é possível lembrar apenas de um punhado de bons documentários, como Bigger, Stronger, Faster ou Músculos ao Extremo. Na ficção, difícil lembrar de alguma boa história
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Golias, então, abre essa temática com louvor -- ainda que tenha um problema estrutural que vamos tratar mais pra frente. Com uma fotografia fria e a direção distante de Dominik Locher (Tempo Girl), a história se desenrola de maneira crua na tela. Vários acontecimentos brutais e incômodos vão se empilhando num roteiro que vai direto ao ponto, sem firulas.
É interessante, também, como as consequências do uso de esteroides, como violência e impotência, são retratados na tela de maneira a criar comparações com os cinco minutos iniciais do longa. É uma fração de tempo, mas que ajuda a compôr a história e os personagens.
O grande problema, porém, está na total falta de empatia do espectador com a história. Ainda que seja quase impossível não sentir pena da personagem de Jasna Fritzi Bauer (Barbara), também é difícil gostar totalmente dela. Há muitos erros em sua conduta e até uma certa apatia crescente. Há vários motivos para isso, mas é um sentimento que não pode ser controlado.
Mas o grande problema está no personagem de Sven Schelker (Homeland). Ele é, de fato, o que mais recebe atenção do roteiro -- sendo, então, o protagonista. Mas ele é totalmente odiável e suas motivações, ainda que palpáveis, são esdrúxulas. Não tem como defendê-lo e há um sentimento de antipatia que vai tomando conta da audiência ao longo do filme.
Fala, então, uma cena ou um personagem que faça com que o público compre de vez a história e entre de cabeça naquilo que está sendo apresentado. Afinal, Dominik Locher aposta apenas na dinâmica do casal e, deles, pouco é extraído. Falta um elemento a mais de roteiro.
Ao final, há uma cena desesperadora -- que te faz querer levantar da cadeira e causa essa sensação que, acima, disse que faltava --, revelando como o filme está bem cadenciado em termos de roteiro, direção e atuação. Mas, ainda assim, não dá pra esquecer da antipatia criada ao longo de seus quase 90 minutos, que acabam por dar uma nota amarga no longa-metragem. Mas, de novo, mais um exemplo de bom cinema vindo da Suíça.
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* Este filme foi assistido durante a cobertura especial do 7º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo.
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