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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Galeria Futuro' é comédia brasileira divertida e original


Que boa surpresa é a comédia nacional Galeria Futuro, estreia dos cinemas desta quinta-feira, 18. Dirigido por Afonso Poyart e Fernando Sanches, o longa-metragem conta a história de três amigos (Otávio Müller, Marcelo Serrado e Ailton Graça) que trabalham em uma galeria decadente no Rio de Janeiro. No entanto, a vida do trio entra em xeque com a notícia da venda do local para uma igreja evangélica. O que eles vão fazer, agora, sem esse lugar tão especial?


A solução acaba surgindo quando eles encontram uma quantidade considerável de drogas, já vencidas, no estoque de uma das lojas. Apesar disso, ainda funcionam: fazem a pessoa fazer uma viagem potente em que se imaginam em sonhos e desejos. A partir daí, começa uma típica começa de situação conforme eles tentam vender essa droga para salvar a galeria. No meio do caminho, surgem atravessadoras, aliada (Luciana Paes) e o traficante Mesbla (Milhem Cortaz).


Comédia afiada, Galeria Futuro traz uma mistura de nostalgia, humor de situação e até mesmo crítica social. Mas vamos por partes. Sobre o primeiro ponto, o longa-metragem traz uma estética típica dos anos 1980 e 1990 -- apesar de se passar hoje em dia -- e há referências bem inseridas de filmes como Esqueceram de Mim, Kill Bill e Matrix. Não é uma nostalgia forçada, mas natural, já que os personagens querem tanto ficar em um tempo que já foi, não mais existe.

O humor, enquanto isso, surge de dois lados. O roteiro tem boas sacadas e que tornam tudo muito gostoso de assistir. Uma cena envolvendo Valentim (Serrado) e Mesbla é particularmente hilária ao tratar uma ameaça por meio de imitações do Faustão -- confesso que dei boas gargalhadas nesse momento. Além disso, o elenco está muito à vontade: Otávio Müller (Benzinho) tem os momentos mais engraçados e funciona bem como escadas para os outros.


Por fim, surge a crítica social. Obviamente, não é o foco de Galeria Futuro, que quer, no fundo, divertir e fazer rir. Mas, ainda assim, o longa-metragem trata do tema da gentrificação com afinco. Mostra como a paisagem urbana vai se modificando sem atenção ao espaço social e como isso afeta as pessoas -- ainda que os personagens aqui estejam um pouco além nesse tal apego com a galeria. Há, também, uma boa metáfora por trás sobre a situação dos cinemas.


Galeria Futuro é daquelas surpresas gostosas que, após tanto tempo sem grandes lançamentos nacionais de comédia nos cinemas, traz um frescor. Ainda que tenha alguns momentos um pouco desconectados aqui e ali e algumas pequenas derrapadas de roteiro, o longa-metragem é tudo que a gente queria nas telas depois de tantas coisas ruins que o Brasil passou. Boa opção para assistir nos cinemas, passar um tempinho gostoso e dar algumas boas risadas.

 


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