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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Eu Não Choro' é drama potente sobre luto e família


Depois de comandar um filme policial na Netflix, o mediano Entre Frestas, é interessante o caminho seguido pelo cineasta polonês Piotr Domalewski. Ele parte para uma trama introspectiva com Eu Não Choro, longa-metragem sobra Ola (Zofia Stafiej), uma garota que vê sua vida virar do avesso quando o pai morre em outro país em um acidente no trabalho.


A partir daí, a garota entra numa jornada solitária e de muita cobrança. Afinal, ela é a única da família que sabe falar inglês e, por isso, vai sozinha para a Irlanda para tentar mandar o corpo do pai para casa. De um lado, há a pressão natural para que ela recupere o corpo o quanto antes e com os recursos disponíveis. Por outro, ela tenta encontrar um rumo na rotina desesperada.


É uma narrativa que lembra um pouco o potente Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre. As duas personagens, afinal, estão sofrendo pressões visíveis e invisíveis, além de contar com uma cobrança social crescente -- aqui, especificamente, voltada para os compromissos familiares. Há, também, luto e tristeza nas reações das duas personagens, apesar dos objetivos distintos.

Zofia Stafiej ajuda nesse processo da personagem, fazendo com que o espectador compreenda melhor toda essa pressão nos seus ombros. Ela busca certa aspereza em alguns momentos, indicando a casca que se formou conforme ela é exigida para seguir esse caminho, mas também há os momentos em que ela quer apenas desabar e não pode. Afinal, "I never cry". Eu Não Choro.


Há algumas repetições exageradas de narrativa, em que a situação da protagonista parece se repetir sem fim -- ainda que faça parte da história ela correr atrás das mesmas coisas o tempo todo, se torna um pouco exagerado e cansativo para o espectador. É uma perda de ritmo que traz um certo cansaço para o lado do espectador, ainda que Zofia continue muito bem em cena.


Por fim, pode-se dizer que Eu Não Choro é um drama forte e potente, que traz uma carga emocional verdadeira -- sem aqueles exageros que, por muitos, são chamados de "novelão". Poderia ter um ritmo mais acertado, fortalecendo mais o desenvolvimento da protagonista. Mas, no geral, sem dúvida acerta em suas propostas e surpreende com uma trama madura.

 

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