Filme vencedor do Urso de Pata do Festival de Berlim, Eu Estava em Casa, Mas... é o filme mais estranho do ano até agora. Ponto. Lembrando o tom de Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência, o longa-metragem fala sobre solidão com uma estranheza ímpar. Afinal, a diretora coloca planos longos, excentricidades, cenas estranhas e longas. Enfim, o vazio.
Isso é essencial para que a diretora Angela Schanelec reflita sobre tristeza, solidão e existencialismo numa trama que é um fiapo. Afinal, o que sabemos com certeza é que um garoto voltou para casa após um tempo sumido. Mãe e professores acham que o rapaz sumiu por conta do luto que vive após a morte do pai. No entanto, as coisas vão se desenrolando estranhamente.
Será que é isso mesmo? O que está realmente acontecendo? São algumas das perguntas que surgem aqui e acolá enquanto Eu Estava em Casa, Mas... vai se desenrolando na tela. No começo, esse estranhamento funciona. O espectador fica instigado a entender melhor aquilo e fica hipnotizado com planos sem sentido aparente e uma atuação forte de Maren Eggert.
No entanto, ao contrário de Um Pombo Pousou, que tem uma narrativa quase que abstrata e sem um rumo definido, mas com poesia dentro do experimentalismo, Eu Estava em Casa, Mas... fica dando voltas em busca do próprio rabo, sem sair do lugar. Há alguns experimentalismos cansativos (como as falas decoradas, as cenas de animais) e o ritmo vai se perdendo, decaindo.
No final, restava apenas cansaço. Não tinha mais interesse pela história, pelos personagens. É louvável o trabalho de Schanelec em criar atmosfera, ambientação. Mas falta um rumo mais definido, imagens que completem a narrativa. Não adianta filmar um coelho apenas por filmar. Cinema é experiência, mas precisa ser proveitosa para ambos os lados da equação.
Comments