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Confesso que foi difícil assistir ao documentário Eu e o Líder da Seita. Parte da programação do É Tudo Verdade 2021, o longa-metragem é daqueles que exigem um mergulho completo na narrativa, sem qualquer pedra no meio do caminho. No entanto, estamos em pandemia, o festival é on-line e aconteceu de tudo enquanto via o filme: ligações, queda de luz e por aí vai.
Por isso, caro leitor, considere este texto mais uma interpretação pessoal, com fortes influências externas. E te convido também a comentar aqui no texto quando assistir ao filme, ok? Então vamos lá. Eu e o Líder da Seita começa contando a história de um atentado terrorista, em 1995, quando a seita apocalíptica Aum Shinrikyo matou 13 e feriu 6 com um ataque em um metrô.
Uma dessas pessoas feridas era Atsushi Sakahara, sofrendo danos permanentes em seu sistema nervoso por causa do ataque. Agora, 20 anos depois, ele confronta o atual líder da seita no documentário em questão. No entanto, nada de confrontos como estamos acostumados em filmes americanos ou até brasileiros. Aqui, vemos toda a calma e respeito do povo japonês.
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Ao longo de quase duas horas de projeção, Atsushi simplesmente conversa e passeia por aí com Araki, atual líder do grupo, conversando sobre a seita, sobre os efeitos do atentado terrorista, relação com a família e coisas do tipo. É uma longa conversa, praticamente sem pausas, mas que demora para encontrar o âmago da questão. Atsushi vai cercando o líder, indo aos poucos.
Com todas essas voltas que o diretor e vítima da seita dá, Eu e o Líder da Seita rapidamente se torna um filme muito cansativo. Muito. Grande parte das conversas escapa rapidamente do foco central e, por mais que isso e os silêncios digam muito sobre Araki, a sensação é de que as coisas não estão acontecendo. Faltou, sem dúvidas, uma edição mais afiada no ritmo do filme.
A coisa só pega no tranco, de fato, lá pelos 20 minutos finais. Naquele momento, há a inserção de duas novas figuras que desestabilizam o aparente equilíbrio que acontecia até ali e o longa-metragem ganha rapidamente camadas. É interessante, enfim, perceber como o filme foi uma grande tentativa do diretor em abrir os olhos do líder para com sua seita e seus problemas.
Há, claro, discussões sobre o quão pertinente é isso em alguns níveis. No entanto, as reflexões são válidas e o filme consegue trazer diálogos importantes. Poderia ser mais ágil e interessante, sem dúvidas, dado o tempo importantíssimo. No entanto, do jeito que ficou, é um filme esquecível, e sem dúvidas difícil de assistir em casa sem distrações ou percalços no caminho.
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