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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Estrada sem Lei', da Netflix, é filme mediano e sem alma


O casal de criminosos Bonnie e Clyde não só fez história no mundo do crime, como também na cultura pop. A dupla ganhou a atenção completa do público quando iniciou a onda de roubos e mortes nos Estados Unidos, lá pelos anos de 1930. Depois, os dois receberam ainda mais atenção -- mesmo mortos -- quando o galã Warren Beatty e a esplendorosa Faye Dunaway protagonizaram o filme sobre a vida e morte do casal. Foi o ápice da glamourização de dois criminosos, que entraram de vez no imaginário popular.

No entanto, apesar do sucesso da dupla, pouco mais foi feito com essa história. Teve uma série de 2013, com Emile Hirsch, que fracassou de maneira retumbante. Fora algumas bobagens que pipocaram por aí, como o underground Bonnie & Clyde vs. Drácula, de 2008. Agora, a Netflix tratou de trazer um outro ponto de vista sobre essa história do casal de assaltantes: é o filme Estrada sem Lei, de John Lee Hancock, que chegou na plataforma de streaming em todo o mundo nesta sexta-feira, 29.

A trama, ao invés de focar na dupla de assaltantes, acompanha a rotina de Maney Gault (Kevin Costner) e Frank Hamer (Woody Harrelson), dois rangers americanos que são escalados para tentar conter Bonnie e Clyde. Mas a tarefa não é fácil. Afinal, Gault está cansado e sem muito preparo físico, enquanto Hamer mergulha de cabeça na bebida após o fracasso profissional. É, sem dúvidas, uma dupla pouco convencional, e divertida de ver em tela, que fica responsável por colocar o fim no casal que assombrou os EUA.

John Lee Hancock é um diretor quadradão, que se contenta em fazer filmes sem grandes arroubos como Desafio do Destino, Um Sonho Possível e Walt nos Bastidores de Mary Poppins -- seu único filme fora dos padrões, levemente, é o ótimo Fome de Poder. Aqui, ele continua nesse ritmo. Trabalhando fielmente em cima do roteiro de John Fusco (A Cabana), ele fica preso numa trama extremamente previsível, lenta, sem momentos grandiosos. É tudo pela espera de Bonnie e Clyde e possível captura do casal criminoso.

Quem espera um filme cheio de perseguições, e boas cenas de ação, vai se decepcionar. É melhor ir atrás do Bonnie & Clyde da década de 1960. Hancock parece não fazer jus ao seu nome e não ousa, não traz momentos inesperados, não cria. É um filme prático, feito bem arroz-com-feijão. Queria ver nas mãos de David Mackenzie ou de Taylor Sheridan.

O que salva o filme de ser um marasmo total são dois elementos: o elenco e o interesse natural pela história. Sobre este último ponto, Hancock tem sorte de ainda existir uma curiosidade genuína por Bonnie e Clyde. Se não fosse por isso, grandes chances de seu filme nem existir e, se existisse, seria ignorado solenemente. O tema, por si só, chama a atenção e deve fazer com que muitas pessoas aguentem assistir até a última cena.

Já o elenco está com o mérito todo em cima de Harrelson (Três Anúncios para um Crime), Costner (Dança com Lobos) e Kathy Bates (Misery), excelente atriz que faz uma espécie de participação especial mais prolongada. O trio é excelente e caiu muito bem em seus papéis -- principalmente Harrelson que, apesar de parecer repetitivo como um homem durão, encontra o tom que o diferencia. São atores excelentes, que elevam a narrativa. Se não fosse por eles, talvez nem o interesse pela temática seguraria público.

Afinal, Estrada sem Lei é um filme pacato, redondo, sem grandes arroubos. Quem o ver não deve sentir grandes emoções, ter grandes surpresas ou coisa do tipo. É um longa que segue quase em uníssono e mostra como diretores quadrados são prejudiciais. Em outras mãos, poderia ser um filmaço. Aqui, infelizmente, nada se destaca além das atuações, da temática e de uma ou outra cena -- principalmente a final, que eleva o nível geral. De resto, nem fotografia, nem figurino, nem trilha. Nada é marcante. Tudo é passível de esquecimento. E isso, sem dúvidas, é um mal sinal para um filme de Bonnie e Clyde.

 

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