É incrível como a Netflix parece uma máquina, daquelas de linhas fabris, de filmes poloneses ruins. Beira o inacreditável. É o caso de Amor ao Quadrado, Minha Vida Perfeita e, agora, Esta Noite, Você Dorme Comigo. Dirigido por Robert Wichrowski e estreia desta quarta-feira, 1º, da Netflix, o longa-metragem é um típico filme de triângulo amoroso, com todos clichês possíveis.
Na trama, Nina (Roma Gasiorowska) é uma mulher que vive uma vida de casada e infeliz. Ela tem duas filhas, que cuida com carinho, mas não consegue sentir mais qualquer coisa por seu marido, que já caiu na rotina. Eles têm poucos momentos de contato, quase nunca trocam afagos. Tudo é muito áspero. Até que ela se reencontra com um antigo conhecido no trabalho.
O romance desperta entre eles e Nina, é claro, começa a viver uma típica dificuldade em saber se deve se entregar ao novo romance ou, enfim, tentar novamente amar o marido. Não há absolutamente nada de novo nisso aqui: é um triângulo amoroso banal, com todas as idiossincrasias típicas do subgênero. Tudo se estabelece em um marasmo sem criatividade.
Você, espectador, não consegue se surpreender ou realmente ficar preso em qualquer momento da narrativa. Tudo não apenas é muito banal, como artificial -- os vínculos se estabelecem e são rompidos sem grandes dificuldades, indo e vindo sem que as dúvidas que passam na cabeça de Nina sejam realmente exploradas. Tudo é muito raso, banal e pouco atrativo dentro da narrativa.
Gasiorowska, que até tem o seu charme, também não consegue ir muito além. O drama que ela vive não convence e, quando decide dar novos passos, as coisas continuam na mesma. Pena.
Com isso, Esta Noite, Você Dorme Comigo é mais um filme banal da Netflix, como tem sido com a maioria esmagadora das produções do streaming. Não tem vida, não tem charme, não tem profundidade, não tem uma história identificável. Pode até agradar aqueles que só querem uma história Hallmark polonesa, mas não vai agradar quem busca um fiapo de originalidade.
O filme nos deixa reflexão do que vale ou não a pena. Nos induz a pensar no íntimo, no sim ou não aceitável. Pena não ter um final mais condizente com a decisão de , como também não deixa claro os erros e acertos de suas decisões. Mas nos leva a pensar nas possibilidades e enxergar as entrelinhas.
Desculpe, Matheus, mas banal foi a sua crítica. O filme tem falhas, como não nos contar o motivo para Nina e Jank se separarem quando ambos se amavam tanto e não havia marido e filhos na equação. Mas também tem sutilezas e delicadezas, abrindo temas interessantes para reflexão. E o filme não te empurra uma fórmula goela a baixo, não advoga um caminho só. É honesto, é sensível e corajoso.