Pablo Escobar, um dos maiores traficantes de drogas de toda a história, entrou no imaginário popular assim como Al Capone, Butch Cassidy, Lampião, Bonnie e Clyde e uma série de outros tantos criminosos da história. No cinema e na TV, o colombiano já ganhou vida por meio dos mais diversos atores, indo desde o intenso Benício del Toro, passando por toda inspiração de Wagner Moura e chegando até o carismático Andrés Parra.
Agora, Escobar ganha a interpretação de um dos maiores atores da língua hispânica de toda a história: Javier Bardem. Dono de uma filmografia invejável (Mãe!, Biutiful, Onde os Fracos Não Tem Vez), o ator espanhol é o protagonista-traficante no drama biográfico Escobar: A Traição, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 23. Fazendo par com sua esposa na vida real, Penélope Cruz, o filme brilha no elenco, mas some na história.
Escobar: A Traição se baseia no livro escrito por Virginia Vallejo (Cruz), amante de Escobar e jornalista. Ou seja: toda a história do longa-metragem se passa a partir do momento que o traficante conhece a mulher indo até seu derradeiro final. Inicialmente, parece um recorte interessante, mas logo fica claro como isso não funciona. Problema de seis a cada cinco cinebiografias, a trama é saturada, com mais informações do que suportaria.
Afinal, a vida de Escobar foi intensa, cheia de altos e baixos e regada a muita polêmica e situações inacreditáveis. O diretor e roteirista Fernando León de Aranoa (do ótimo Um Dia Perfeito) sabe disso, tenta organizar a história de maneira coesa e coerente, mas se perde. Inclui uma narração óbvia, para tentar dar costura à trama, e acaba passando batido por pontos importantes da vida do traficante, como a relação de Escobar com a família.
O filme, então, fica saturado. Mas não é ruim como aparenta. Pelo contrário: Bardem e Penélope Cruz (Volver), como esperado, dão um show. Ele com um Pablo Escobar carismático, mas que não deixa de revelar seus momentos mais cruéis e assustadores. É uma contradição ambulante que funciona muito bem. E Penélope Cruz está intensa, explosiva, passional. Rouba a cena quando aparece. Só Peter Sarsgaard que some como um agente federal.
Além disso, ainda que Fernando León de Aranoa cometa erros na trama, ele acerta na condução. Mesclando violência com momentos mais introspectivos, o filme consegue ir e vir em seu tom sem se tornar artificial. A ambientação também é acertada, impressionando pela semelhança com os locais reais -- ainda estou impressionado pela semelhança da prisão-castelo de Escobar, assim como os detalhes da casa onde ele morreu.
Assim, Escobar: A Traição não é um filme definitivo do traficante, ficando bem atrás de tudo que foi contado na série Narcos, por exemplo. Mas as boas atuações da dupla principal e a condução até que inspirada do cineasta ajudam o filme a se manter como uma boa dica para quem quer saber mais da história do criminoso colombiano.
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