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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Epidemia', na Netflix, é filme que exagera no caos e simplifica na solução


Em tempos de pandemia global, a atenção das pessoas começa a se voltar novamente aos filmes de catástrofes biológicas. É o caso de Epidemia, longa que está há alguns dias dentre as produções mais assistidas na Netflix Brasil. Dirigida por Wolfgang Petersen (Troia, A História Sem Fim), a produção exagera no grau de catástrofe e serve apenas pra gerar pânico e risos.


Na trama, acompanhamos a vida do infectologista do exército o dr. Sam Daniels (Dustin Hoffman), que entra em contato com uma vila africana dizimada por um novo vírus. A surpresa do filme, porém, é que a infecção não fica presa na região. Por uma série de acasos do destino, que mistura tráfico de animais e até pet shops, a doença acaba chegando gravemente nos EUA.


E é aí que está a graça de Epidemia. Petersen repete a fórmula de outros de seus filmes, como Na Linha de Fogo e Força Aérea Um, e exagera na dose. O vírus, por exemplo, tem a impressionante letalidade de 100%. Não tem cura. É rapidamente transmissível. E, quando fica doente, a pessoa começa a sangrar por todos os buracos possíveis -- inclusive pelos olhos.

É algo altamente exagerado e quase improvável. Vivemos, no momento que este texto é escrito, uma pandemia global de covid-19. E, mesmo assim, a letalidade não é assim tão alta. Algo como o imaginado no roteiro de Laurence Dworet e Robert Roy Pool é totalmente fora de tom. Por isso, é curiosa a forma que a história encontra de resolver tudo: se concentrando em Sam Daniels.


Espécie de MacGyver da biologia, o protagonista de Epidemia faz tudo: entende o que é o vírus, faz análises microbiológicas, procura o paciente zero, faz politicagem com o chefe (Morgan Freeman), tenta buscar novos caminhos com a ex-esposa (Rene Russo), analisa paciente, busca macacos, captura macacos, faz viagens malucas de helicóptero, desafia autoridades do País...


É uma solução simplória demais -- e arrastada! -- para algo de complexidade absurda. A forma que o roteiro de Dworet e Pool se amarra causa riso involuntário. E os últimos 30 minutos são insuportáveis. As cenas de ação vão além do ponto, perdem o ritmo e não encontram o tom. Até Hoffman (Kramer vs Kramer), sempre muito bem, acaba se perdendo num papel exagerado.


No entanto, não é um filme de todo horrível: para entreter, até dá pra se divertir durante o tempo vazio. E mais: em tempos de pandemia e quarentena, é um bom exercício de imaginação. Mas atenção: não é interessante para pessoas ansiosas. Por mais que seja fora da realidade, dá para ver o planeta nessa situação. Sentir a dor de pessoas. E é sempre bom se ater à saúde mental.

 
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