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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Entre Facas e Segredos' é o filme mais divertido do ano


Filmes com elencos grandiosos ou são ótimos ou são péssimos. Não há meio termo. Afinal, ser mediano já é uma decepção. É preciso ir além. Surpreender, chocar, ser memorável. E é isso que faz o divertidíssimo Entre Facas e Segredos, longa-metragem de Rian Johnson (Star Wars: Os Últimos Jedi) e um dos melhores lançamentos de 2019.

Na trama, conta-se a história de um assassinato que segue uma cartilha tradicional, ao melhor estilo Agatha Christie. Um escritor milionário (Christopher Plummer) é encontrado morto em sua casa. A partir daí, todos da família entram na mira de investigação do detetive Benoit Blanc (Daniel Craig). Pra ele, o caso é um homicídio.

Filhos (Jamie Lee Curtis, Michael Shannon), agregados (Don Johnson, Toni Collette), netos (Chris Evans, Katherine Langford, Jaeden Martell) e empregados (Ana de Armas, Edi Patterson) entram na mira do astuto detetive. Quem matou Harlan Thrombey? Quem, dentre todos que estavam na casa, tinha os interesses escusos?

É revigorante a forma que Johnson conduz a narrativa, cheia de teatralismos e exageros típicos do gênero. Blanc é um idiota genial, os parentes são todos suspeitos óbvios e uma das personagens, em especial, tem um charme culpado interessantíssimo -- não vamos revelar o nome por razões óbvias, ainda que ela tenha esse papel logo de cara.

O mais interessante, assim, é que Johnson trabalha em cima dos absurdos do gênero. Ri, se diverte, expõe o ridículo da família de classe média alta e que vive como parasitas do patriarca. Falando em parasitas, aliás, é interessante notar um paralelo invisível entre este filme e o coreano Parasita. Ambos falam de pessoas que sugam as outras.

A diferença é que o diretor Bong Joon-ho fala da sociedade no geral. Este, de famílias.

E é claro: se não fosse o elenco, Entre Facas e Segredos poderia ser um desastre. Daniel Craig não é nem sombra do seu papel em James Bond. Aqui, o 007 está alucinado, divertido, misterioso. Um diálogo dele, envolvendo rosquinhas, é o melhor do cinema em 2019. Difícil segurar a gargalhada. Merecia beliscar uma indicação ao Oscar de Ator.

Ana de Armas (Blade Runner 2049), Jamie Lee Curtis (Halloween), Michael Shannon (A Forma da Água), Toni Collette (Hereditário), Chris Evans (Vingadores: Ultimato), Christopher Plummer (Todo o Dinheiro do Mundo) e Katherine Langford (13 Reasons Why) também seguram seus personagens com força e autenticidade, no geral.

Dessa forma, no geral, Entre Facas e Segredos é um filme praticamente irretocável. Poderia ter 15 ou 20 minutos a menos. Mas isso não quebra a experiência do longa-metragem, que se provou como o mais divertido do ano. E convenhamos: em um ano de tantos problemas, nada como ter algo para rir, se divertir e, ainda, ter uma boa reflexão.

 

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