top of page
Buscar
Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Encurralados' é bom thriller dramático da Netflix


Quando a Netflix lança filmes turcos e poloneses, já me dá um frio na espinha. Não por não gostar dos filmes produzidos nesses dois países (pelo contrário!), mas pela qualidade duvidosa que as produções da Turquia e da Polônia adquiriram no serviço de streaming -- raramente são bons filmes, apesar da grande quantidade de títulos. Por isso, me surpreendi com Encurralados.


Estreia do streaming nesta sexta-feira, 21, o longa-metragem turco conta a história de um casal que precisa sair de Istambul e voltar para a cidade-natal do marido. O motivo? Ele se envolveu em um grande escândalo empresarial, sumindo com mais de US$ 100 milhões de pessoas que acreditaram em suas promessas. Um escândalo de criptomoedas, talvez? A vida vira um inferno.


A partir daí, acompanhamos o casal -- e, principalmente, o marido -- sofrendo com as consequências do ódio nacional que se abate contra eles, inclusive nessa cidadezinha em que cresceu. Ainda que haja uma certa dificuldade em comprar o lado do homem que roubou tantas pessoas, que lembra histórias da vida real, a tensão vai surgindo naturalmente na história.


Afinal, é natural que as coisas comecem a ficar complicados para ele: desde fazer uma compra no mercadinho até passear em um bosque. As pessoas o veem como um traidor que não merece nada, a não ser o desprezo. Uma pena que o diretor Onur Saylak (Daha) não saiba brincar com a tensão nos miudezas, fazendo, desde o início, um thriller sem sutilezas.


Logo nos primeiros 20 minutos, por exemplo, há uma tentativa de assassinato. Depois, quando o homem recebe o primeiro recado da comunidade, já dava pra saber o que ele ia encontrar dentro do cesto antes mesmo de abrir a tampa. São obviedades que contribuem para que nós, espectadores, saibamos exatamente por qual caminho essa história está seguindo.


Ainda assim, porém, Encurralados consegue causar a tensão necessária: apesar da obviedade das ações do cineasta e do roteiro de Hakan Gunday (também de Daha), ficamos interessados em saber como o protagonista vai lidar com a próxima ofensiva, como vai sair dessa e por aí vai. É um cinema de curiosidade. Conhecemos personagens e história, mas continuamos instigados.


Interessante, também, como o espectador fica na berlinda: será que devemos ficar ao lado desse homem que tenta reconstruir sua vida após cometer um crime ou das pessoas lesadas? Oras, ele errou gravemente, mas está colaborando com a Justiça. No entanto, essas pessoas muitas vezes deram tudo o que tinham para essa tal empresa. Como decidir qual o caminho?


Por isso, Encurralados é uma boa surpresa na Netflix. Não é totalmente original, mas joga luz na história dessas figuras corruptas, os tais criminosos do colarinho branco, que tentam tocar a vida sempre nas sombras -- e que, infelizmente, também são tão comuns na realidade brasileira, mas pelo lado político da coisa. Boa tensão, boas atuações e boa história da Netflix.

 

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント


bottom of page