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Foto do escritorJoão Pedro Yazaki

Crítica: 'Encanto', da Disney, é animação encantadora do começo ao fim

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Enquanto a Pixar atingiu ótimos resultados em suas últimas produções, a Walt Disney Animation teve seus altos e baixos. Wifi Ralph e Frozen 2, por exemplo, não foram filmes tão bem recebidos pelo público, nem pelas críticas. No entanto, o recente Raya e O Último Dragão foi considerado um sucesso do Disney +, muito por conta da criatividade da história e, claro, pelas abordagens culturais que a empresa sempre soube trazer com êxito.


Por isso, aproveitando o embalo da volta dos cinemas, a Walt Disney Animation estreia o seu novo filme, Encanto, da mesma equipe criativa de Moana: Um Mar de Aventuras e Zootopia. Mirando um público mais infantil do que os filmes da Pixar, a animação acertou em cheio ao explorar a riquíssima cultura colombiana em uma narrativa divertida, na qual a diversidade e identidade são os pilares centrais.


Encanto conta a história de uma família extraordinária, os Madrigal, que vivem escondidos nas montanhas da Colômbia em uma casa mágica, em um lugar fantástico e vibrante chamado Encanto. A família Madrigal foi abençoada por um milagre, no qual os filhos e netos da avó, Alma, possuem dons especiais para serem usados para o bem-estar da vila e sua população.


Cada um possui um dom, como superforça, poder de cura, controle do tempo, das flores e dos animais. Todos os membros exceto um, Mirabel, uma menina comum que quer provar ser útil à família mesmo não tendo habilidades especiais. Um dia, ela descobre que a magia de Encanto está em perigo. Sendo assim, ainda buscando se provar, Mirabel decide agir sozinha como a última esperança da família.


Vale a pena ressaltar um fator fundamental da animação: as composições musicais do renomado Lin-Manuel Miranda, de Hamilton e In The Heights. Diferente de vários longas animados onde grande parte das músicas são facilmente descartáveis, aqui elas são um dos principais charmes de Encanto. Criativas e bem executadas, as canções fazem do filme uma animação-musical bastante divertida. A primeira, por exemplo, tem como função explicar quem são os Madrigal e o dom de cada membro da família. Poderiam facilmente ter resumido em breves diálogos, mas a letra, o ritmo, a melodia e toda a composição deixam tudo mais fascinante.

Outro grande acerto dessa narrativa é o foco nos Madrigal, ou seja, nas características de cada um e na forma como eles se relacionam. A lista de personagem não se estende para vilões genéricos ou personagens aleatórios que surgem no caminho. Aqui, a história se concentra na magia da família, no desejo de Mirabel em ser alguém relevante e nas motivações de seus parentes.


Apesar de Mirabel ser a grande protagonista, seus irmãos, pais e tios possuem um bom destaque. Todos têm personalidade, carisma e tempo de tela significativo. Inclusive, todas as cenas envolvendo alguém da família usando os poderes são ótimas. Além disso, as irmãs de Mirabel, por exemplo, são personagens que poderiam ser dois acessórios esquecíveis, mas possuem funções importantes para a história.


Acompanhando de mãos dadas com o enredo, os quesitos técnicos da animação afirmam o quanto a Disney está anos-luz à frente de qualquer outro estúdio. As cores, texturas, modelagens dos personagens, os diversos elementos que compõem a cultura e o ecossistema colombiano… Cada detalhe deslumbrante é de encher os olhos.


A história em si pode não parecer tão inovadora, tampouco emocionante para alguns. Como citado anteriormente, o filme quer atingir um público mais infantil, sem se preocupar tanto em atrair a atenção dos adultos, como a Pixar ama fazer. Por isso, não espere por uma grande lição de moral ou uma reviravolta marcante. Aliás, a narrativa se conclui de maneira bem simples, focando na mensagem que quer transmitir e nada mais.


Apesar disso, o filme não deixa de ser potente. Para as crianças especialmente, traz valores importantes trabalhados no enredo de forma lúdica e simples, porém com bastante imposição. As músicas, além de divertir, desempenham a clássica função em longas-animados de ilustrar a famosa 'moral da história' para as crianças.


Sendo assim, Encanto acerta bem ao trazer uma história repleta de doçura e espontaneidade. Não é a melhor animação da Disney, mas sabe como encantar o público com o visual estonteante, as músicas divertidas e o carisma da família Madrigal, que contém uma diversidade impressionante de personagens, cada um com seu jeito de ser, física e psicologicamente. É muito bacana ver a Disney fugindo cada vez mais do padrão e nos apresentando figuras mais próximas da realidade, as quais mais pessoas possam se identificar. Uma ótima diversão para a família.

 

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