Quando Em Uma Ilha Bem Distante começou, lá pelos cinco minutos de projeção, já dava pra saber como a história iria terminar -- era só somar dois mais dois, pensar na sinopse apresentada pela Netflix e pronto. Não há qualquer surpresa na estreia desta quarta-feira, 8.
O longa-metragem, afinal, conta uma história pra lá de batida. Zeynep (Naomi Krauss) vive uma vida infeliz depois que a mãe morre e o marido começa a se afastar cada vez mais -- o pai e a filha também não são fichinhas. É aí que ela decide fazer as malas e partir para a Croácia, para conhecer a casa que a mãe lhe deixou de herança. Só que a vida guarda algumas surpresas.
É a típica jornada de transformação. Zeynep começa dura, infeliz, ainda que bastante sensível ao que está acontecendo ao seu redor. É um retrato da mulher madura, que vive uma vida de obrigações em um cenário patriarcal. É "a vida como ela é", como se tivesse que ser assim.
No entanto, Em Uma Ilha Bem Distante mostra como o amor ainda pode viver nas pessoas, independente da situação de vida que estão. Zeynep, ao longo de 100 minutos, passa a se ver novamente como pessoa, não apenas como a engrenagem de uma família. Desejos voltam a bater à porta, enquanto a personagem também se descobre como a pessoa que sempre foi.
A direção de Vanessa Jopp (Vergiss Amerika) sabe como retratar essa mulher com sensibilidade, mas fica mergulhada em clichês. Como disse, sabemos exatamente como as coisas vão acontecer. São clichês, chavões e perfis de personagens que já vimos aos montes -- quem nunca viu essa mulher redescobrindo a graça de viver ou o homem-ogro apaixonante?
Há um momento de frescor na história, ali na segunda metade, quando a protagonista questiona romances de diferentes idades. O filme cutuca algo que é pouco abordado no cinema (e que também trabalha para perpetuar esse preconceito), mas logo abandona essa ideia no caminho.
Em Uma Ilha Bem Distante, assim, acaba trazendo alguns elementos emocionantes, que devem impactar principalmente as pessoas que se identificam com a protagonista. No entanto, para além disso, pouca coisa é realmente aproveitável: saímos do filme com a sensação de que já vimos essa história um milhão de vezes antes. Como é típico nas produções da Netflix.
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