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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Eike: Tudo ou Nada' erra o tom e passa mensagem confusa


Confesso que esperava a estreia do filme Eike: Tudo ou Nada com bastante ansiedade. Afinal, filmes sobre histórias brasileiras inacreditáveis geralmente são, no mínimo, divertidos -- vide o excepcional Bingo: O Rei das Manhãs. No entanto, que frustração: o longa-metragem, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 22, simplesmente não consegue encontrar o tom da história.


Dirigido e roteirizado por Dida Andrade e Andradina Azevedo, além de ser inspirado no livro de Malu Gaspar, o longa-metragem fala sobre a virada de chave na vida do empresário Eike Batista — quando ele deixa de abraçar só os setores de energia e mineração para também embarcar na perigosa área do petróleo. É aí que começam os problemas de seu projeto de poder, precisando depender de outros para conseguir abraçar de vez esse mercado tão concorrido e complicado.


Antes de tudo, é preciso dizer: o elenco é o maior acerto de Eike: Tudo ou Nada. Xando Graça, sempre genial em cena, se sai muito bem como um geólogo. Papel caiu como uma luva. Juliana Alves passa autoridade como a única mulher a integrar a liderança da empresa de Batista, em uma personagem que representa uma mulher real que viveu em um ambiente sufocante.

Mas a alma e o coração do filme é Nelson Freitas, intérprete de Eike Batista. Conhecido principalmente por seus personagens em humorísticos, ele está transformando em cena — alguns momentos parece uma encarnação de Eike, seja pela fala, postura ou pelo jeito de olhar. Chega a arrepiar. Aqui, o ator mostra seu valor como ator dramático e expande possibilidades.


Mas, indo além disso, há um problema central em Eike: Tudo ou Nada: o tom da história. Enquanto filmes como Real e o próprio Bingo souberam tratar com mais propriedade assuntos recentes da História brasileira, o filme sobre o empresário não atingiu o mesmo feito: é muito mais enviesado, se valendo de versões ou invés de reflexões. É um olhar ingênuo, quase bobo.


Afinal, quando os créditos sobem, fica a sensação de que Eike Batista é um pobre coitado ingênuo que foi tão enganado quanto todas as pessoas que perderam tudo com a falta de perícia da EBX no petróleo. É um absurdo. Faltou mais malícia aos realizadores que, mesmo com um trabalho excepcional de elenco, não souberam como tratar essa história cheia de camadas.

 

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