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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Educação Americana', da Netflix, é filme que beira o desinteresse


Confesso que dá para sentir uma pontada de decepção com o documentário Educação Americana: Fraude e Privilégio, que chegou ao cardápio da Netflix nesta quarta-feira, 17. Afinal, num primeiro ponto, causa empolgação o fato do diretor ser o badalado Chris Smith. Não o conhece? Bem, sem dúvidas já ouviu falar de Fyre Festival ou O Desaparecimento de Madeleine McCann. Muito bem, foi ele que assinou a direção. Além de ter produzido a ótima Tiger King.


Além disso, o documentário conta uma história pra lá de interessante. Educação Americana se debruça sobre um escândalo que se abateu sobre os Estados Unidos, em 2019, quando foi descoberta uma conspiração mafiosa que fazia com que os filhos de famílias ricas fossem aceitos em universidades prestigiosas como Georgetown, Yale, Stanford e outras. Se os pais pagassem uma certa quantia, garantiam que os filhos entrariam no ensino superior. Criminoso.


No entanto, infelizmente, Chris Smith usa esse material da maneira mais desinteressante possível. Talvez sem grandes recursos audiovisuais de arquivo, o cineasta se valeu de uma técnica parecida com o que foi visto em O Dilema das Redes: usar atores para interpretar situações reais. Aqui, no caso, o texto que ouvimos saindo da boca dos atores é real. Foi tirado de arquivos da polícia. Por outro lado, quase tudo que assistimos é uma peça de ficção apenas.

A empolgação com o que vai passar na tela, então, logo cede e dá lugar ao desinteresse. Fica artificial demais em alguns momentos, ponto determinante para que um documentário perca sua força. Difícil saber o melhor recurso que Chris tinha em mãos, já que também aparenta não ter muitas entrevistas na manga. O uso de atores parece ter sido uma última saída, mostrando assim certa fragilidade na forma que é conduzido. Não há o ritmo de Fyre Festival, por exemplo.


Além disso, o roteiro não se dedica a explicar exatamente como funciona o particular sistema de ingresso em faculdades americanas. Obviamente, o filme não poderia se render ao didatismo ou coisa do tipo. Mas faltou pensar um pouco mais em audiências de fora dos Estados Unidos, assim como foi feito na série sobre Madeleine McCain para quem não conhecia ou caso ou não era familiarizado com aquela região de Portugal. Parece um documentário nichado, pra poucos.


Enfim, pode-se dizer que Educação Americana é uma pontadinha decepcionante. Não é ruim, longe disso. Mas também não atinge todo seu potencial cinematográfico, sempre com recursos que nem sempre funcionam em documentários. Talvez um pouco mais tempo de produção, para conseguir mais arquivos ou entrevistas, ou ainda imagens mais abstratas sobre o que acontecia (desenhos, talvez?) poderiam funcionar melhor. Do jeito que ficou, beira demais o desinteresse.

 
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