Lucia (Marieta Severo) é uma mulher que está passando por um momento de virada em sua vida. O filho Marcelo (Rodrigo Lombardi) acaba de morrer em um acidente de trânsito, justamente durante a Ditadura Militar, e a relação com a nora (Maeve Jinkings) não é das melhores. É aí que ela decide pegar a neta (Luisa Arraes) e voltar para Itália, a terra de sua família, para resolver pendências com a irmã. Essa é a trama de Duetto, estreia desta quinta, 29.
Dirigido por Vicente Amorim (Motorrad, A Princesa da Yakuza), o longa-metragem mergulha nessas duas línguas, sociedades e realidades para falar sobre algo que é universal: as maravilhas e as dores de se viver. Com a experiência, surgem as rugas, as histórias e as rusgas -- seja com amigos, conhecidos ou familiares. Surgem as histórias inacreditáveis. Surgem as alegrias e as decepções. E é sobre a vida, e sobre o viver, que Duetto traz os seus olhares.
A partir dessa ideia, que poderia trazer uma trama potente e memorável, porém, Amorim acaba abraçando um melodrama sem vida e banal. Com alguns pontos lembrando dos piores momentos de A Vida Invisível, Duetto traz embates familiares tão sem vida que simplesmente não empolgam e tampouco despertam interesse. Parece que tudo segue um mesmo tom, sem a narrativa emplacar como deveria -- é uma conversa sem qualquer ponto de surpresa ou força.
É o resultado de um melodrama forçada, com subtramas que simplesmente não conversam ou não conseguem fazer com que essa ideia central avance. A fixação da neta com o festival de música italiana, por exemplo, morre na praia apesar das boas ideias. Uma relação surpreendente de Lucia é interessante e causa surpresa ali no finalzinho, depois de muitas idas e vindas, mas não é explorada como deveria. Uma virada de história que deveria ter vindo antes.
É um desperdício e tanto com um elenco desse porte. Marieta Severo (Noites de Alface), Maeve Jinkings (Carvão), Luísa Arraes (Aos Teus Olhos), Gabriel Leone (Eduardo e Mônica), Michele Morrone (365 dni) e Giancarlo Giannini (007: Quantum of Solace) desaparecem nessa trama que vai se tornando cada vez mais sem vida. Suas tramas confusas e que vão se trombando no meio do caminho, infelizmente, deixam tudo ainda mais pasteurizado. Tudo, pena, nada memorável.
Duetto, assim, é um longa-metragem que simplesmente não encontra a força necessária para uma trama que se propõe a ser complexa demais, séria demais. É um melodrama forçado, sem vida, e que desperdiça um elenco grandioso em trama que não sabe como se levar a sério. Uma pena. Talvez uma direção mais firme, que soubesse como conduzir um melodrama, deixasse tudo mais saboroso. Só, que do jeito que ficou, o filme não poderia ser mais chato e insosso.