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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Doutor Estranho no Multiverso da Loucura' é bom, mas poderia ser melhor


A Marvel está em seu momento mais desafiador nos cinemas. Depois de criar um universo empolgante, pop e que vai bem em bilheterias com Cris Evans, Robert Downey Jr. e companhia, o estúdio precisa encontrar novas maneiras de colocar essas histórias em evidências, com desafios ainda maiores e possibilidades saborosas para o público. A solução encontrada foi abrir de vez o multiverso, com consequências agora em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.


Depois de ensaiar uma "explosão do multiverso" em WandaVision, Loki e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, a Marvel mostra agora como esse conceito pode ser aplicado em seus filmes. Na trama, afinal, vemos Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) se deparando com América Chavez (Xochitl Gomez), uma garotinha com habilidade de transitar entre universos e que está sendo perseguida por monstros. Quem está mandando essas criaturas? Quem quer América?


É, justamente, esse vilão oculto (ainda que um tanto óbvio) que orquestra os ataques e que vai se tornar uma dor de cabeça para Estranho. A partir daí, ele (e América Chavez) vão saltando de universo em universo. Sam Raimi (da trilogia "original" de Homem-Aranha) volta para a direção de longas nove anos depois de Oz: Mágico e Poderoso e mostra que não enferrujou: ele, com seu estilo inconfundível, é a alma do filme. O visual de NYC, movimentos de câmera, os figurantes...

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é, sem dúvida alguma, o filme mais bem dirigido da Marvel, com toques autorais que nem mesmo Chloé Zhao conseguiu entregar em Eternos. Raimi coloca seu estilo na narrativa e, inclusive, dá sustos na audiência -- o terror na história, repleto de jump scares, funciona muito bem. É gostoso e refrescante ver um diretor se colocar assim em tempos que histórias de super-heróis estão cada vez mais industrializadas, mais do mesmo.


Cumberbatch está bem como esse Doutor Estranho atormentado, sem saber o que fazer com os perigos do multiverso. Olsen, enquanto isso, dá o seu melhor como a Wanda ainda abalada por conta dos acontecimentos de WandaVision -- aliás, talvez fosse mais justo se o título do filme fosse Feiticeira Escarlate no Multiverso da Loucura. É a redenção que a personagem precisava e merecia, depois de tantos anos escanteada apenas como uma coadjuvante menor e qualquer.


O problema do filme, e que rebaixa a nota do longa para três estrelas, são as exigências da Marvel. Enquanto Raimi tenta se divertir com sua estética despojada, mas com classe, o estúdio carrega o filme de explicações, blá-blá-blá e participações que não acrescentam em nada. A própria estética e lógica do multiverso começa a cansar, depois de tantas produções falando sobre a mesma coisa. É um falatório sem fim e que deixa as suas primeiras pontas soltas aqui.

De um lado, assim, a trama é espremida pela tradicional fórmula da Marvel, cada vez mais e mais saturada. Do outro, essas exigências de roteiro, como as explicações do multiverso. No meio disso tudo, entre as duas pontas, participações especiais que não acrescentam muita coisa -- os Illuminati, por exemplo, são mais easter eggs para brincar com o público do que história de verdade. Fica a dúvida: será que vale a pena perder tempo só para agradar alguns fãs apenas?


No meio de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura há um filme incrível e insano, capitaneado por um Sam Raimi sem amarras. No entanto, o resultado final é um tanto frustrante, já que o longa-metragem e a Marvel se complicam mais do que deveria. Não sei como o estúdio vai seguir com o multiverso cada vez mais presente em sua história sem prejudicar projetos individuais, que precisam carregar fardos da franquia na costa ao invés de apenas focar no que o cinema blockbuster deveria fazer: ser um ponto de encontro para se divertir e passar o tempo.

 

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