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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Dolittle' é filme que se perde no tom e em seus objetivos

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Apesar de ser fruto de um simpático livro de Hugh Lofting, a história do Dr. Dolittle, o médico que conversa com animais, ganhou popularidade nos anos 1990. Na época, o comediante e ator Eddie Murphy encarou o papel principal e levou milhões às salas de cinema ao redor do mundo. Agora, a trama volta para o centro das atenções com Robert Downey Jr. no papel principal.


Em Dolittle, Downey Jr. encarna um homem enclausurado. Apesar de ter o dom de papear com os animais ao seu redor, o médico-veterinário não quer mais sair de casa após a morte da amada. As coisas mudam, porém, quando a Rainha da Inglaterra (Jessie Buckley) fica doente e é exigida a presença de John Dolittle. Só ele, com seu conhecimento, poderá salvá-la da morte.


Nisso, então, ele entra numa aventura com seu novo assistente (Harry Collett) e com os mais diversos animais -- girafas, elefantes, macacos, esquilos, baleias, araras e até ursos polares.


Só pelas cores da aventura, pelos efeitos especiais e pelo elenco de dublares de peso (Tom Holland, Emma Thompson, Rami Malek) fica claro que a Universal Pictures investiu pesado na aventura do médico. Na parte técnica e na escalação de elenco, não há miséria. A fotografia é elegante, as locações são de brilhar os olhos. E Downey está em alta após o fim de Vingadores.


Além disso, para quem nunca ouviu falar, o diretor Stephen Gaghan é competente. Ele assina, dentre outras coisas, os bons Ouro e Syriana -- e aqui, é roteirista junto com Dan Gregor (How I Met Your Mother), Doug Mand (Most Likely to Murder) e Chris McKay (diretor de LEGO: Batman). Ou seja: aparentemente, tinha tudo para dar certo, não é mesmo? Mas não foi bem assim...

Dolittle tem um grave problema de tom. Apesar da produção encher os olhos, Gaghan não tem ideia em como dirigir uma cena de humor -- uma sequência envolvendo um dragão chega a ser constrangedora, enquanto o objetivo claramente era causar riso. A edição de Craig Alpert (Deadpool 2) é atravancada e o riso fica estrangulado. A gargalhada, o ponto alto, nunca chega.


Fica difícil compreender, então, qual o objetivo deste remake. Era criar uma obra cheia de beleza, bons efeitos e bons atores? É produzir riso? É produzir uma aventura ao estilo Piratas do Caribe? Ou uma Sessão da Tarde levinha? Qualquer uma dessas opções servem à história, mas nenhuma alcança sua completude. É um filme estranho, avulso, que não é marcado por nada.


Downey Jr., aliás, não é nem sombra do que foi em Vingadores: Ultimato. Sua atuação é estranha, desconfortável. Ele força um sotaque -- e um tipo de voz sussurrada -- que não encaixa com o ator tão visto nos cinemas nos últimos anos. Fica, inclusive, uma estranha sensação de dublagem. Neste caso, sinceramente, assistir o dublado pode ser vantajoso.


Claro: nem tudo é ruim, já que a produção é elegante, conta com ambientações marcantes e efeitos visuais interessantes. Além do fato de que a dublagem dos animais está boa, com exceção de Tom Holland, desencaixado com um cachorro. Mas é isso. Pouco se salva dessa aventura, que deve agradar públicos bem específicos. E fica a dúvida: precisava do remake?

 
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