Filmes sobre a relação entre humanos e seus cães sempre são emocionais, prontos para fazer as pessoas soltarem um rio de lágrimas. Marley & Eu, Meu Amigo Enzo, Quatro Vidas de um Cachorro... São várias as produções que seguem os mesmos elementos narrativos e, mesmo sempre parecendo próximas de um esgotamento, fazem sucesso e continuam emocionando. Mais um filme que entra nessa lista é Dog: A Aventura de uma Vida, estreia de quinta-feira, 19.
Estreia de Channing Tatum na direção, que assume a batuta junto do roteirista Reid Carolin, o longa-metragem conta a história de Jackson Briggs (Tatum), um militar que quer voltar à ativa após sofrer um traumatismo craniano. No entanto, no meio desse desejo, um amigo militar morre em ação. É aí que o chefe de Briggs entra em ação: explica que se ele quer voltar para o exército, precisa cumprir com um desafio de levar a cadela Lulu para o funeral do seu dono.
O problema é que a cachorra, uma pastora belga, é ligada no 220. Por conta do treinamento duro que teve como um cão de carreira militar, tem traumas. É assustada, às vezes agressiva sem motivo. Por isso, Briggs pena para conseguir fazer o trajeto de atravessar o país em apenas alguns dias com Lulu à tiracolo. Dog: A Aventura de uma Vida é, enfim, um tradicional road movie em que Jackson Briggs vai se transformando conforme avança no ambiente -- assim como Lulu.
É bonito ver a relação dos dois ganhando forma, contorno e profundidade, mesmo com Briggs negando o destino da cachorra: ser sacrificada depois do velório do falecido dono, muito por conta de seu temperamento agressivo. Obviamente, como espectadores, desde o início sabemos como a história vai se desenrolar e terminar. Não há muito segredo. Tatum e Carolin, aliás, não tentam esconder isso: admitem a previsibilidade e jogam tudo em cima da emoção e lágrimas.
Além disso, vale dizer que há alguns momentos de humor acertado. Uma cena em especial, que infelizmente já foi mostrada no trailer de Dog: A Aventura de uma Vida, causa boas gargalhadas envolvendo uma situação de cegueira. O humor certamente poderia ter sido mais aproveitado na trama, com momentos com um riso mais solto e fácil. Tatum e Carolin, porém, parecem um tanto quanto presos na estrutura de drama canino, trazendo sempre os mesmos elementos.
Outro problema: há uma forte trama pró-militarismo que acaba sendo escondida ali pela história bonitinha do cachorro. Cavalgada das Valquírias como toque do celular, o livro com a mensagem "dê uma chance para a guerra", o tratamento heroico do rapaz que morreu em combate e da cachorra traumatizada... São vários os pontos aqui que trazem esse olhar romantizado para a guerra. É algo que talvez funcione no mercado americano, mas no Brasil soa estranho e datado.
Enfim: Dog: A Aventura de uma Vida é um filme bonitinho. Simpático. Segue a mesma fórmula de sempre, com clichês e narrativas se repetindo como sempre, sem grandes alterações. Poderia ser mais ousado, mais criativo, mais original -- apostado mais no humor, por exemplo. Ainda assim, o filme deve fazer com que muitas pessoas por aí saiam correndo da sala de cinema. Não com vontade de ir no banheiro, mas de ir para casa dar um abraço apertado no seu cachorro.
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