Quando se fala em reality show de culinária, é normal que se pense em competições onde cozinheiros -- profissionais ou amadores -- duelam entre si para o melhor prato, o mais rápido, o mais bonito ou agradável. É a fórmula de MasterChef, Zumbo's Just Dessert, Sugar Rush e uma infinidade de outros programas. Mas a Netflix, em parceria com a BBC, acaba de lançar um reality culinário que vai na contramão de tudo: Dinheiro à Mesa.
Com a primeira temporada já disponível no serviço de streaming, o novo reality show tem alguns clichês do gênero. Chefs precisam correr contra o tempo. Precisam agradar alguns jurados. Precisam mostrar organização. Só que a dinâmica é bem diferente do que o público está acostumado. O objetivo, aqui, não é ganhar um prêmio pré-fixado. Os participantes de Dinheiro à Mesa, na verdade, tentam conquistar o coração e o paladar de executivos para que sejam feitos investimentos nas ideias de restaurantes de cada um.
Para isso, o programa, comandado pelo simpático Fred Sirieix, um famoso maître francês, divide as atividades em três momentos: abertura de um restaurante-modelo para o público; apresentação da comida e do ambiente aos investidores; nova abertura ao público, mas com a presença dos tais investidores no ambiente. Parecido com o programa Shark Tank, de empreendedores, Dinheiro à Mesa acerta na estrutura por conta da pressão crescente e interessante de se ver em tela. Por si só, o programa já é um acerto.
Mas a BBC e a Netflix acertaram ainda mais. Sirieix, o apresentador, tem uma presença agradável em tela e, apesar de parecer artificial em alguns momentos, consegue mesclar a força de um chef renomado com a simpatia que exala de seus comentários. Ajuda a abaixar um pouco a pressão natural das coisas. Outro ponto interessante é a boa escolha de investidores. Diversos e muito experientes, eles dão um tempero à mais à dinâmica apresentada no Dinheiro à Mesa. Mais do que jurados, são personagens.
E, por fim, é louvável a boa escolha da BBC com relação aos restaurantes participantes. Eles podiam ter escolhido apenas chefs finos e elegantes, mas acabaram levando de tudo ao programa: desde comida "bagunçada" e exagerada até massa de cookie, passando por restaurantes vegetarianos diversos e indo até hambúrgueres e alta gastronomia. É um elemento importante que não permite que o programa, refém da tal estrutura de três atos, não se torne repetitivo e cansativo. É muito bom de assistir e de torcer.
No final, difícil não ficar com uma vontade genuína de ver ainda mais episódios -- afinal, a primeira temporada conta com apenas seis e muitos dos investidores nem chegam a aparecer. A torcida é para que uma nova fornada de Dinheiro à Mesa chegue logo à Netflix. É sempre bom ter alguma novidade para quebrar a mesmice de programas de TV que tanto gostamos.
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