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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Detetive Pikachu' é aventura leve, infantil e divertida


Nerd que está me lendo, um aviso pra você. Detetive Pikachu NÃO é pra você. Pode até funcionar como escape nostálgico, principalmente para ver alguns personagens queridos ganhando vida, mas o foco do novo filme de Pokémon não é a criança dos anos 1990 -- como eu e você. É a criança de agora, que está começando a embarcar nas maravilhas dos "monstrinhos" de bolso, e que ainda tem muito a descobrir. Detetive Pikachu quer reviver toda emoção de Pokémon: O Filme. Mas com a nova geração.

A trama do novo filme acompanha, principalmente, a relação do corretor de seguros Tim Goodman (Justice Smith) e do pokémon de seu pai, um Pikachu mal-educado (dublado por Ryan Reynolds). A questão, porém, é que Tim e Pikachu estão se sentindo órfãos, já que o pai sumiu num acidente de carro enquanto fazia uma investigação. Caberá aos dois -- e à chatíssima repórter Lucy Stevens (Kathryn Newton) e seu engraçado Psyduck -- descobrir o paradeiro do patriarca e resolver um mistério envolvendo o Mewtwo.

O visual do filme, como já ficou claro nos trailer, é deslumbrante. A textura dos personagens é bem feita, bem pensada. O Pikachu possui pelos macios. Dá vontade de fazer carinho. Charizard tem escamas grossas, tornando a pele dele quase hostil. Mr. Mime vai para o lado plástico, da maquiagem, ainda que tenha alguns aspectos humanos evidentes -- como veias nos olhos. É algo que ajuda a mergulhar na história e faz com que o filme tenha uma magia a mais. É gostoso de assistir, de se imaginar ali.

A grande preocupação de produção ali era com o fraquíssimo Smith, que, dentre outras coisas, ajudou a comprometer o resultado final do segundo Jurassic World com um personagem irritante. Aqui, esse cargo é passado à Kathryn Newton (O Retorna de Ben), que faz um tipo chato, insistente e que atravanca a trama. O filho do Will Smith, enquanto isso, faz seu papel como deve ser feito. Não impressiona, não chama a atenção. Mas também nem era esse o objetivo. Faz o que tem que fazer e ponto final.

A voz do Pikachu, dublada em inglês por Ryan Reynolds, está divertidíssima e, por mais que haja um estranhamento inicial, funciona. A cabine de imprensa do filme, na qual o Esquina estava presente, foi exibida a versão dublada, infelizmente. Não é ruim, mas... Não é o mesmo impacto da voz de Reynolds, quando o Pikachu fala no trailer. Não temos absolutamente nada contra versões dubladas por aqui, mas, nesse caso, talvez seja melhor buscar uma sessão legendada nos confins de sua cidade. Ajuda a experiência.

No entanto, apesar do Pikachu ser divertido, há uma questão de roteiro que atrapalha. Por ser focado no público infantil, o filme recorre a alguns didatismos que... bem, que enchem o saco. O Pikachu repete algumas coisas óbvias o tempo todo ("oh! vamos ver outro holograma", "oh! o lugar está explodindo", "oh, estamos caindo"). São coisas que aparecem na tela e que não precisam ser ditas -- a não ser que o espectador seja uma criança de 3 ou 4 anos. E, pelo palavreado do Pikachu, não é o público. Falta foco ali.

Por fim, um dos pontos altos da franquia -- as eletrizantes batalhas -- são relegadas a um momento ou outro. O instável diretor Rob Letterman (Goosebumps) podia ter investido um pouco mais nisso. Ia agradar crianças e adultos. Além disso, falta mais destaque para alguns personagens icônicos. Snorlax aparece apenas num rápido momento, assim como os iniciais Squirtle e Charmander -- Bulbasaur, felizmente, é um pouco mais ativo. Quem sabe, num próximo filme, lembrem mais dessas criaturas.

Detetive Pikachu é um filme leve, infantil, bonitinho e gostoso de assistir. Está longe de ser o espetáculo que o trailer prometia -- a Warner, afinal, é ótima de fazer trailer espetacular e filmes mais ou menos (né Esquadrão Suicida?) --, mas funciona no geral. Crianças vão se apaixonar pelo universo, bonequinhos e cards voltarão a ser vendidos aos montes. E os mais velhos, de alguma maneira, vão sentir uma nostalgia gostosa. Você, nerd dos anos 1990, pode não ser o público-alvo. Então, leve o filme com tranquilidade. As novas gerações podem ter a mesma memória afetiva no futuro.

 

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