Quando Buscando... chegou aos cinemas, em 2018, foi um choque: apesar de usar um formato que começava a se popularizar, ficou evidente como usar a tela de um computador era possível criar tensão e suspense. É um ótimo filme. Agora, cinco anos depois, o formato já está um pouco mais desgastado, mas funcional, com o novo Desaparecida, estreia nos cinemas de quinta, 2.
Dirigido pela dupla de estreantes Nicholas D. Johnson e Will Merrick, o longa-metragem é bastante similar ao primeiro filme: mostra uma garota, June (Storm Reid), que descobre que a mãe e o padrasto desapareceram durante uma viagem para a Colômbia. A partir daí, tendo apenas a tela de um computador como um cenário, tenta descobrir o que de fato aconteceu.
Assim como Buscando..., o novo filme tem uma dose de tensão deliciosa, como aqueles suspenses de antigamente que quase não são mais feitos. Ficamos tensos com as buscas da personagem, que aos poucos vai descobrindo camadas do desaparecimento que nos fazem questionar tudo: desde a índole dos personagens até os fatos que envolvem o desaparecimento.
Em comparação com o filme de 2018, Desaparecida conta com alguns elementos a mais. Não fica restrito demais à tela do computador e abraça também alguns elementos dos celulares, como vídeos de TikTok e afins. Dá frescor para esse tipo de história, que começa a mostrar um pouco de saturação, e faz com que tudo fique ainda mais interessante. Deixa mais moderno.
Obviamente, como acontece com qualquer filme de suspense, há algumas revelações que simplesmente não funcionam, seja pelo fato de serem manjadas ou, então, por exigir muita suspensão de descrença por parte do espectador, que deve soltar algumas exclamações de incredulidade durante o longa-metragem. Difícil embarcar em todas ideias e propostas.
O final, porém, é a cereja do bolo. Divertido, ainda que um tanto quanto inacreditável, é de deixar qualquer um de queixo caído. Você até pode acertar alguns dos vários plot twists da história, mas dificilmente vai sacar o que vai acontecer nos 20 minutos finais. Reid (Euphoria) também está muito bem e, com potência em cena, ajuda a deixar tudo mais divertido e interessante.
Só uma coisa que bate negativamente: a tentativa desesperada, em muitos momentos, de emular o que deu certo em Buscando..., sem deixar o filme andar com as próprias pernas. É o caso desses mesmos 20 minutos finais, que simplesmente usam os elementos dos mesmos 20 minutos finais do filme de 2018 (e que, cá entre nós, é o calcanhar de Aquiles desse formato).
Desaparecida, porém, ainda assim é diversão garantida nos cinemas. Traz um clima inesperado, cria tensão, brinca com a sanidade do espectador, faz reviravoltas rocambolescas que absolutamente ninguém espera. Alguns podem reclamar, dizer que é exigir muito do espectador em acreditar em tudo ali. Mas fica a dica: esqueça um pouco disso, abra o coração e se divirta.
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