Mistura de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain com A Culpa é das Estrelas, o romance Demais para Mim chegou nesta quarta-feira, 18, no catálogo brasileiro da Netflix. Dirigido pela estreante Alice Filippi, o longa-metragem italiano se vale da cor e da excentricidade da famosa comédia romântica francesa para tentar dar algum ar de ineditismo nesses romances adolescentes que envolvem doenças terminais, caras bonitos e um amor, em um primeiro momento, impossível.
Afinal, Demais para Mim parece ser justamente (e apenas) isso. Afinal, a diretora trafega em um mar de mesmice para contar a história de uma garota (Ludovica Francesconi) taxa de feia e estranha por todos ao seu redor que precisa enfrentar um problema de saúde que afeta o seu pulmão. Morando com dois amigos gays, ela começa a buscar meios de entrar na mira e no coração de Arturo (Giuseppe Maggio), um rapaz que a deixa completamente apaixonada.
O grande problema do filme está em duas pontas. De um lado, Filippi insiste em trazer clichês à tona o tempo todo. Sem parar. Ela fica jogando na cara da audiência como a protagonista é feia, desajeitada, estranha, excêntrica -- mesmo nada disso fazendo sentido, já que ela está mais para alguém de personalidade. Se torna uma insistência negativa, que faz o longa-metragem ir naufragando aos poucos no interesse do público. Algum clichê, ok. Mas o tempo todo não dá.
Na outra ponta está a questão desses dois universos que não funcionam. A tal mistura de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain com A Culpa é das Estrelas. Essas histórias de jovens doentes e apaixonados já deu, já cansou -- só o filme inspirado no livro de John Green estava de bom tamanho. Simplesmente não tem mais para onde correr. Já passou da hora de cineastas ao redor de todo o mundo deixarem de procurar novas doenças e encontrarem novas ideias.
Com isso, você se pergunta: oras, é um filme péssimo, então? Não, não chega a tanto. Demais para Mim tem sua beleza, sua fofura. Alguém que não liga de assistir a uma história praticamente repetida vai se emocionar aqui, talvez até dar algumas risadas, e tudo bem. Há espaço para isso, principalmente quando a diretora brinca com elementos do drama dentro da história. Poderia ser melhor e mais original, claro. Mas dá pra esquecer isso e passar o tempo.
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