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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'De Tirar o Fôlego' é documentário emocionante da Netflix


Que agradável surpresa o documentário De Tirar o Fôlego, longa-metragem que chegou ao catálogo da Netflix nesta quarta-feira, 19 de julho. Em meio ao caos de "Barbenheimer" nos cinemas, em que Barbie e Oppenheimer disputam a atenção, este documentário nos mostra que as boas histórias não precisam ser grandes produções e podem estar ali, do nosso lado.


Dirigido e roteirizado por Laura McGann (Revolutions), o longa-metragem acompanha essencialmente dois mergulhadores: de um lado, Alessia Zecchini, praticante do "mergulho livre" que está em busca de quebrar recordes mundiais no esporte; do outro, Stephen Keenan, um mergulhador no auge de sua carreira. O destino dos dois acaba se cruzando no fundo do mar.


Uma boa parte dessas quase duas horas de duração é dedicada a fazer com que o espectador se aclimate. Não só para entender como funciona esse esporte perigoso que é o "mergulho livre", mas também para compreender melhor os traços de personalidade de Alessia e Stephen -- ela, teimosa e bastante competente em sua profissão; ele, um homem generoso e muito talentoso.


Uma boa parte dessas quase duas horas de duração é dedicada a fazer com que o espectador se aclimate. Não só para entender como funciona esse esporte perigoso que é o "mergulho livre", mas também para compreender melhor os traços de personalidade de Alessia e Stephen -- ela, teimosa e bastante competente em sua profissão; ele, um homem generoso e muito talentoso.

São dois personagens cativantes e que contam uma boa condução no roteiro de McGann. Afinal, além de não termos depoimentos de nenhum dos dois personagens, deixando o espectador no escuro sobre o destino de ambos, há momentos de tensão absoluta -- como a sequência em que Alessia tenta bater o recorde mundial, chegando primeiramente a 102 metros mar adentro.


No entanto, enquanto estamos acompanhando toda essa história, McGann é perita em modular nossas emoções. Os últimos 20 minutos trazem uma carga emocional densa, que surpreende e que pega qualquer um desavisado. É uma história bem dirigida, bem contada, bem filmada.


E aqui peço licença para contar algo que aconteceu enquanto assistia: estava nos últimos 25 minutos do filme quando minha noiva chegou na sala e começou a acompanhar o documentário. Mesmo sem saber nada da história, ela ficou entretida e curiosa sobre como o longa ia terminar. Quase chorou, mesmo sem saber de nada sobre Alessia e Stephen. É uma história bem dirigida.


Afinal, mais do que falar sobre superação ou sobre algum milagre que pessoas altamente treinadas alcançam por meio do esporte, De Tirar o Fôlego fala sobre algo que alcança qualquer pessoa: humanidade nas relações. Mais do que um documentário sobre esportes, é um filme sobre pessoas que amam o que fazem e, acima de tudo, que amam as pessoas ao seu redor.


Em tempos em que tudo tem um ar de violência, com pessoas se atacando e se xingando por nada, De Tirar o Fôlego consegue restaurar parte de nossa humanidade com uma história que transpira verdade, seriedade e emoção. Atributos que, uma pena, não são tão fáceis de achar.

 

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