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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Dafne' é lindo drama sobre relação entre pai e filha


Que lindo filme é Dafne, essa produção italiana independente que estreia no Brasil na quinta-feira, 5. Delicado, o longa-metragem se propõe a contar a história da mulher que dá título ao filme. Ela tem Síndrome de Down, mas é independente. Ama o seu trabalho, tem uma boa relação com a mãe, adora dançar com os amigos de uma associação de pessoas com a síndrome. Leva uma vida gostosa, interiorana, sem grandes problemas.

As coisas viram de cabeça para baixo, porém, quando a mãe de Dafne (Carolina Raspanti) morre num acidente, que nunca é bem explicado pelo diretor estreante Federico Bondi. Não é este o ponto, afinal. Sua produção quer ir além e mostrar os efeitos da morte na vida da moça trabalhadora. Apesar de independente, ela ainda tinha vínculos fortes com a mãe. Como vai ficar só com o pai (Antonio Piovanelli)?

Para contar essa história de maneira aprofundada, e certeira, Bondi a divide em dois momentos. No primeiro, há uma amostra de como Dafne enfrenta a perda, o luto, a tristeza. Não é algo muito linear, óbvio. Ela tem suas particularidades, não quer expressar tanto os sentimentos. Quer ir logo trabalhar e não sabe como lidar com seu pai, um homem bom, prestativo, mas que nunca foi tão próximo assim de sua filha.

Já num segundo momento, o cineasta cria uma espécie de road trip para pai e filha. É aquele velho clichê, que quase sempre funciona, da viagem que serve como autodescoberta. Dafne e o pai precisam estreitar laços, conhecerem melhor um ao outro. A viagem, em direção à mãe, parece ser o movimento mais certeiro para os dois. E, sem dúvidas, também funciona em Dafne. Há sentido naquela bela jornada.

Há pontos negativos que precisam ser comentados, porém. O primeiro é que a transição entre os dois momentos da trama não acontece de maneira suave. Há um hiato entre um e outro, fazendo com que a história fique cansativa, lenta e pouco dinâmica. Em determinado ponto, no meio dos 90 minutos de Dafne, a sensação é de que história vai desandar e não chegar a lugar algum. Fica estagnada por alguns longos minutos.

No entanto, aos poucos, a coisa volta para seu lugar. Muito por conta da química da dupla Carolina Raspanti e Antonio Piovanelli (A Terra Prometida). Os dois entenderam seus personagens e a relação fica linda na tela. É perceptível o medo do pai em se aproximar da filha, mas o desejo que ele tem em construir uma boa relação. Ela, enquanto isso, se vê dividida entre usar o pai como uma âncora ou tentar nadar só.

A maneira como Bondi exibe isso na tela é sempre cercado de silêncios, pausas, olhares, respirações, choros. Uma cena em específico, do pai conversando com a dona de uma pousada, é muito, muito emocionante. É a mostra de como a trama é sensível e vai muito além de uma história de superação. É, sobretudo, uma trama sobre pai e filha. Sobre laços familiares. E sentimento de pertencimento. E tudo isso é bonito demais.

 

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