Noémie Merlant está em alta no mercado cinematográfico. Após o sucesso de Retrato de Uma Jovem em Chamas, a jovem atriz francesa chama a atenção para seus novos trabalhos. E por isso, é natural que haja expectativa com relação ao seu mais novo filme, Curiosa. Lançado direto em video on demand no Brasil, o filme exagera na lentidão e decepciona. Afinal, poderia ir além.
Na trama, conta-se a história de Pierre (Niels Schneider), um poeta parisiense que foge pra Argélia ao descobrir que o amor de sua vida, Marie (Merlant), se casou com o seu melhor amigo em busca de melhor posição social. Depois de um tempo, porém, ele retorna à Paris e engatam um romance secreto pincelado com algo inusitado: fotografias eróticas em pleno século XIX.
Dirigido pelo estreante em longas Lou Jeunet, Curiosa começa com personalidade. Sabendo que a trama extrapola os limites temporais de sua história, o cineasta insere uma inusitada batida eletrônica para acompanhar o romance entre Pierre e Marie. A dupla de atores, aliás, está ótima, com o esperado destaque para Merlant. É uma estrela em ascensão que deve ir muito além.
Além disso, as cenas de sexo e nudez nunca passam do ponto. Jeunet sabe como dosar o conteúdo e transformá-lo em algo realmente belo. Merlant, aparentemente, está à vontade, mesmo em cenas mais explícitas. O que parece, para o espectador, é que tudo ali foi feito com naturalidade, calma e respeito -- ao contrário de Azul é a Cor mais Quente, por exemplo.
No entanto, quando as coisas parecem que vão engrenar, esmoessem. Curiosa é um filme que se torna refém de seus próprios desejos e objetivos. Quer falar tanto, e se valer de tantas metáforas, que acaba se perdendo em si próprio. Se torna repetitivo, cansativo. Até mesmo as cenas de nudez, chamariz para muitos espectadores, deve acabar cansando e se repetindo.
Uma pena, já que Jeunet tinha um diamante bruto extremamente poderoso em mãos. Uma grande atriz, uma trama curiosa (ora, já tinha parado para pensar em fotografias eróticas do século XIX?) e algumas sacadas interessantes, como essa metáfora sobre o empoderamento feminino. Mas, infelizmente, tudo some em meio a uma narrativa confusa e muito cansativa.
Falta vitalidade, assim, em Curiosa. É interessante, claro, para notar o amadurecimento de Merlant como atriz, assim como se divertir com um cineasta experimentando algumas originalidades. Mas não passa disso. É um filme de época esquecível, até mesmo para fãs de produções do gênero, e que não ficará vivo em sua memória por muito tempo, infelizmente.