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Bárbara Zago

Crítica: 'Crimes em Happytime' é inovador, mas muito ofensivo


Quem pensa que filmes com bonecos ou criaturas inanimadas são necessariamente infantis, se engana, e muito. Quando Greg Tiernan e Conrad Vernon dirigiram Festa da Salsicha, em 2016, isso ficou mais claro do que nunca; afinal, são quase 90 minutos de cenas completamente vulgares entre salsichas e pães. Apesar de ter sido criticado, e imensamente problematizado, o filme tem seu mérito e é comicamente desconfortável. No entanto, o que Brian Henson tentou fazer com fantoches em Crimes em Happytime fica apenas na zona do desconforto.

Antes de falar do filme, é importante contextualizar. Quem dirigiu o longa não é ninguém menos que o filho de Jim Henson, também conhecido por criar os bonecos dos Muppets. Porém, reutilizar uma ideia nem sempre é uma grande escolha. Ainda que Crimes em Happytime seja uma espécie de paródia, com muitas aspas, "de programas com fantoches", acaba se tornando mais ofensivo do que inovador.

Após o fim de "Happytime Gang", os fantoches que faziam parte do show perderam sua credibilidade e são motivo de chacota para os humanos. Quando Phil Phillips, ex policial, percebe que diferentes membros desse programa foram misteriosamente assassinados, ele se junta com sua antiga parceira, Edwards (Melissa Mccarthy) para tentar solucionar o caso. A química entre Mccarthy e um fantoche dublado por Bill Barretta é um pouco adolescente, cheia de xingamentos clichês, mas funciona melhor do que com Sandra Bullock em As Bem Armadas. Mesmo assim, Mccarthy não deixa de fazer o papel de si mesma, como na maioria de seus filmes.

É interessante o modo como Henson mostrou os diferentes caminhos que cada astro fantoche percorreu após o final do programa. Abordar de maneira exagerada com bonecos é menos chocante do que com pessoas, já que um deles chega até a se afundar nas drogas. Quanto à criação dos personagens, o diretor fez um bom trabalho exceto pela vilã, Sandra, que é responsável por 80% das cenas sacanas do filme. Mesmo assim, existe uma motivação que é condizente com a história.

Crimes em Happytime passa a impressão de ter focado em muitas cenas explícitas de sexo (como uma espécie de orgia entre fantoches envolvendo uma vaca) para se justificar como um filme não-infantil. O próprio comportamento interpretado por Mccarthy chega a ser cansativo em determinado momento, fazendo com que o filme pareça ser mais longo do que de fato é. Mesmo assim, não se tira o reconhecimento de que Henson aprendeu bem sobre o mundo de fantoches ao longo dos anos, ainda que dê alguns tropeços.

São poucos os momentos em que o espectador se pega dando risadas verdadeiras com o filme. Risos desconfortáveis, no entanto, já são mais comuns. Mesmo assim, a história, ainda que pouco original, é interessante e bem estruturada. Henson pesou a mão nas ofensas, dando um ar "proibido para menores de 18 anos" completamente desnecessário. No entanto, é preciso admitir que Crimes em Happytime ultrapassa um limite e traz ao cinema um filme inovador sobre bonecos.

 

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