Não dá pra dizer que a nova competição gastronômica da Netflix, Cozinhando em 4:20, não é original. Inspirado nos principais programas do gênero, o reality mostra dois cozinheiros, a cada episódio, preparando pratos com cannabis -- ou, como é conhecida por aí, maconha. Depois disso, dois jurados provam a comida e elegem o vencedor do programa.
Ainda que a ideia seja muito boa, nada ali funciona direito. A começar pelo apresentador, o jovem Josh Leyva, ator e youtuber norte-americano. Ainda que pareça entender do que está falando, falta carisma ao rapaz. E, sendo o host do reality, isso é um tiro no pé: os quinze minutos de duração de cada episódio viram uma eternidade. Ele nem sabe enrolar.
Ngaio Bealum, que serve como especialista para indicar as particularidades de cada tipo de cannabis e como ela se comporta com determinadas comidas, é um alento. Mesmo que não entenda nada da droga -- como é meu caso --, fica interessante de ouvir suas explicações.
Mas, ainda assim, isso não salva o programa. Afinal, junto com Leyva, há outro grande problema: a dupla de jurados. Ainda que o programa tente dar dinamicidade ao trocar os juízes a cada programa, nada disso serve. A maioria deles nem sabe o que está fazendo ali, tendo apenas a "especialidade" de fumar maconha. É vergonhoso o que acontece.
Assim, é até interessante a iniciativa da Netflix e da produtora Stage 13, da Warner, em produzir um programa que mostre os diferentes usos da cannabis -- ainda mais com a onda de legalização da droga que invadiu os EUA ao longo dos últimos anos e alterou a percepção das pessoas quanto à erva. Mas precisava de um programa tão fraco e vergonhoso?
Fica a sensação de que funcionaria melhor uma série documental ao moldes de Chef's Table e afins. Afinal, quem tem interesse nessa mescla de elementos, também se interessaria por um programa nesse modelo, talvez um pouco mais descontraído. Só que, desse jeito, não dá. É muito vergonha alheia num programa só. Melhore, Netflix!
Cala boca vergonhoso é essa materia