O pôster de um filme tem um papel tão importante quanto seu trailer. É por meio dele que a história passa sua primeira impressão. Seria uma espécie de oposição ao "não julgue um livro pela capa". O cartaz de um filme pode atrair, afastar ou, simplesmente, chamar a atenção do público. E um cartaz que possui Owen Wilson, Ed Helms, J.K. Simmons e Christopher Walken, todos muito amontoados, definitivamente chama atenção. E aí que o longa-metragem Correndo Atrás de um Pai tenta se ancorar, dependendo totalmente do elenco para contar uma história cada vez mais clichê.
A trama passa longe de inovadora. A combinação casamento + filho/a que procura seu verdadeiro pai já foi visto antes em Mamma Mia, musical lançado em 2008. Ainda assim, Correndo Atrás De Um Pai se apoia num clichê bem humorado para passar uma mensagem que vai além do objetivo final.
Peter (Ed Helms) e Kyle (Owen Wilson) são gêmeos extremamente diferentes, tanto fisicamente quanto no modo de enxergar a vida, que se encontram após 4 anos no casamento de sua mãe. Após passarem a vida toda crentes de que seu pai era um rapaz que morreu de câncer de cólon ainda jovem, acabam por se deparar com sua farsa e decidem encontrar seu pai verdadeiro. Pouquíssimo esperado, a mãe revela para os dois que não tem certeza de quem é seu pai. Assim, vão em busca de um homem completamente diferente do que imaginaram durante anos.
Enquanto assistia ao filme, lembrei-me de Two and a Half Men. Particularmente, da época em que aconteceu toda a confusão com a demissão de Charlie Sheen. Lembro de ter falado que "quem segurava a série não era o Charlie, mas sim o Alan", seu irmão. Na série, os dois eram tão diferentes, que acabava dando um ritmo agradável e divertido. Em Correndo Atrás De Um Pai não é diferente.
O grande humor do filme é, justamente, essa diferença entre Kyle e Peter. Enquanto um deles se declara um bon vivant, mora no Havaí e namora há seis meses com uma modelo linda, o outro é divorciado e nunca esteve com outra mulher desde então. Aqui, a dinâmica de opostos também funciona bem, além de ser uma ferramenta para aproximar os irmãos no final do filme.
Honestamente, o roteiro parece pouco crível. Os irmãos viajam de cidade para cidade e conhecem seus supostos pais com a mesma facilidade que encontram uma rua usando o Waze. Mas tudo bem, porque o filme não se preocupa exatamente em ser realista. O grande objetivo é passar uma mensagem, que chega quase à emocionar, principalmente no final, com a grande revelação de sua mãe (Glenn Close).
É um filme bastante típico para se ver em família. Possui momentos engraçados, que dão uma harmonia para o filme; cenas sobre sexo que provavelmente deixariam filhos constrangidos de estarem na mesma sala de cinema que os pais; uma mensagem clichê e bonitinha sobre família que ajuda o filme a ter um propósito.
Ainda que o filme seja essencialmente uma comédia, ele fala de maneira quase imperceptível do conceito de família. Mais do que isso, também nos mostra nossa familiaridade com a ideia de uma mãe solteira com filhos, e não o contrário. No entanto, fica claro como esse modelo nem sempre é melhor ou pior. A busca pelo pai acaba por não suprir uma falta, mas por aproximar irmãos que precisavam de uma espécie de imã para tal. A convivência obrigatória nos dias em que procuram pelo pai nada mais é que um jeito, que chega a ser cômico, de aprender a lidar com as diferenças. Não é só em Two and a Half Men que isso funciona.
Correndo Atrás De Um Pai parece, sim, um filme típico de Sessão da Tarde. Mas, nem por isso, é necessário tirar seu mérito. Apesar de um pouco longo, tendo uma hora e cinquenta e três minutos de duração (que facilmente poderiam ser transformados em uma hora e meia), é um filme previsível, pouco realista, mas que consegue arrancar algumas risadas do espectador. O mais incrível de tudo é que, apesar de grandes nomes estarem presente no elenco, quem mais faz rir é justamente Katt Williams, um rapaz que pede carona para Kyle e Peter. Mais uma vez, a dinâmica de opostos funciona.
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