Como um adorador da sétima arte, dificilmente falo que um filme foi uma perda de tempo. Até o recente The Lie, por exemplo, teve seu lado positivo. No entanto, não posso dizer o mesmo de Cook F**k Kill, ou Cozinhar F*der Matar em português. Filme de origem checa e dirigida pela eslovaca Mira Fornay, o longa-metragem é daqueles confusos apenas pelo caos. Nada mais.
Mas vamos por partes. Cook F**k Kill, selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de 2020, conta a história de Jaroslav, um homem reprimido que é colocado no centro de uma trama feminina. A esposa Blanka é uma policial cheia de exigências, as vizinhas são abusivas e, assim, Jaroslav fica na pele das mulheres por um tempo, como visto em Eu Não Sou um Homem Fácil.
É um caminho interessante que, se fosse aproveitado da maneira correta, poderia render um filme estranho, mas com uma crítica social profunda — como estão fazendo os gregos, que contam com um estilo parecido de filmagem de Mira Fornay. No entanto, o roteiro da própria Mira Fornay acaba abraçando um estilo de Corra, Lola, Corra, que brinca com o tempo da trama.
E é aí que surge o caos, a bagunça. Ao invés de focar nessa boa crítica social, Cook F**k Kill abraça o absurdo. Monta uma trama sem nenhuma coesão e parece chocar por chocar, numa ode à violência e à comportamentos abusivos que nos cercam. A cena de uma criança em um lago é o ápice dessa proposta surrealista do caos, no qual as coisas ficam mais obscuras.
Não fica claro, em momento algum, qual é a proposta de Mira Fornay. Não dá para saber se é uma trama extremamente particular da República Tcheca, por exemplo. O fato é que para o público no geral, o filme não funciona. É absurdo demais. Caótico por ser caótico. Não é possível encontrar um fio narrativo que impulsione a narrativa para além daquela maluquice na tela.
Gosto de experimentalismos, gosto de ver cineastas saindo da zona de conforto. Mas não dá para aplaudir um filme quase incompreensível, que não consegue transmitir uma única ideia de maneira coerente. Que seguisse pelo caminho de Eu Não Sou um Homem Fácil, provocando a sociedade. Mas não. É perda de tempo. Coisa rara de se sentir num filme qualquer. Fuja!
Acabei de assistir o filme Cook F**k Kill'. Na contramão do ponto de vista de M. Mans, acho que é um filme com uma teatralidade impressionante, com uma densidade discursiva deliciosa, que precisa ser descifrada a partir da epicização do drama, na perspectiva em que Sarrazac a coloca, como uma rapsódia. Elementos como o coro, o sujeito épico, a hibridização de narrativas são alguns dos elementos a serem destacados.