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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Contrapor' é documentário com boas intenções e falta de foco


A ideia do longa-metragem documental Contrapor, exibido no 8º Panorama Digital de Cinema Suíço, é muito boa. Dirigido por Peter Guyer e Thomas Burkhalter, o filme se propõe a levar o olhar da globalização para a África. Mais especificamente para Gana, um país que quase nunca é comentado e acaba sendo lembrado apenas em época de Copa do Mundo. Como é a vida lá?


A partir dessa premissa, o filme fala com músicos, mulheres e até religiosos para entender quais são as influências do país africanos e, acima de tudo, como ele está inserido nesse processo de globalização. Oras, com a África sempre sendo esquecida nas discussões teóricas, Contrapor traz, como o título promete, uma boa contraposição de ideias e boas reflexões.

No entanto, conforme o filme avança, essa premissa inicial vai se tornando cada vez mais borrada. Sem se decidir se querem fazer um filme sobre a globalização, sobre música, sobre religião ou sobre feminismo, a dupla de diretores acabam transformando o filme num caldeirão de ideias desperdiçadas, que quase nunca são bem executadas. Nem mesmo a tal globalização.


Além disso, fica um pouco estranha, conforme o tempo passa, a condição dos dois cineastas frente à história em si. Dois suíços falando sobre a globalização de Gana com praticamente nenhum conhecimento de causa. Gera uma certa estranheza, até mesmo um desconforto. Em determinado momento, parece que assuntos são abordados para validar a dupla de diretores.


Enfim. É uma proposta boa, com uma premissa interessante. Mas acaba se tornando tão afobado em querer falar sobre tanta coisa, que acaba perdido em tanto conteúdo. Talvez se tivesse sido realizado por pessoas com mais conhecimento de Gana e da África, o resultado seria mais interessante. Do jeito que ficou, é apenas cansativo. E triste, pois poderia ser bom.

 
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