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Crítica: 'Conclave' é o melhor filme da temporada de premiações 2025

Foto do escritor: Matheus MansMatheus Mans


"Um drama de padres", "thriller de fofocas no Vaticano", "12 Homens e uma Sentença para católicos": são várias as tentativas para compreender o que é Conclave, longa-metragem que chega aos cinemas em 23 de janeiro e que chega forte para a temporada 2025 de premiações. No entanto, nada disso consegue chegar perto da complexidade que é este novo filme dirigido por Edward Berger, o roteirista e diretor suíço em ascensão após Nada de Novo no Front.


O longa-metragem, afinal, conta com uma base bem sólida: os bastidores de um conclave para decidir quem será o próximo papa. O cardeal Lawrence (Ralph Fiennes, em atuação sublime) é quem organiza a votação -- que pode levar dias ou até mesmo semanas para finalizar. Enquanto isso, os favoritos se dividem entre diferentes cardeais, principalmente Tremblay (John Lithgow), Bellini (Stanley Tucci), Adeyemi (Lucian Msamati) e Tedesco (Sergio Castellitto).


Baseado em um livro escrito por Robert Harris, o roteiro de Peter Straughan (O Espião Que Sabia Demais) se vale desse clima claustrofóbico de um conclave para criar uma espécie de thriller político -- esbarrando em filmes como Michael Clayton, Z e O Informante. Todos são histórias de bastidores com uma boa dose de fofocas, intrigas, mentiras e, claro, revelações.


No entanto, Berger -- que já foi indicado ao Oscar no passado por sua releitura de Nada de Novo no Front -- não se contenta em apenas mostrar as intrigas palacianas. A partir desse thriller, Conclave consegue ir além e mostrar que tem algo a dizer. Mais especificamente, apontar que a Igreja, de forma alguma, consegue e/ou pode se fechar para o que acontece mundo afora.



Os cardeais se fecham em suas bolhas e seus mundos, mas a vida insiste em entrar estourando uma janela, arrombando uma porta ou, até mesmo, convidado como um novo integrante do conclave. As coisas acontecem e não dá para evitar a chegada dos novos tempos. Há quem veja o longa-metragem como uma leitura otimista da Igreja e de seus novos tempos. Mas também há uma outra leitura, mais questionadora, sobre como essa instituição vai se adaptar ao mundo.


O mais saboroso de Conclave, porém, não está em nada disso, mas sim na forma que Berger vai inserindo o gosto pelo poder na boca e nos sentimentos dos personagens. No começo do longa-metragem, muitos renegam a possibilidade de assumir o papado. Aos poucos, porém, isso vai se alterando. Por exemplo, em um dos momentos mais inspirados do filme, um cardeal diz, de bate-pronto, qual seria seu nome como papa após negar, por dias, a possibilidade de ser eleito.


Por fim, toda essa boa história -- que é amarrada com ideias, intrigas e análises sobre o poder como ponto de partida corruptivo -- ainda é acompanhada por boas atuações que merecem reconhecimento na temporada. A começar por Fiennes (O Jardineiro Fiel), em uma das atuações mais complicadas de sua carreira, passando por atores que transformam a história e o ambiente quando aparecem, como Lithgow (Risco Total), Tucci (O Terminal) e Castellitto (Enea).


Há grandes chances de Conclave sair de mãos abanando do Oscar 2025 -- afinal, Melhor Filme está bem pendente para O Brutalista, apesar das polêmicas, enquanto Melhor Ator está bem dividido entre Fiennes, Adrien Brody e Timothée Chalamet. Mas não importa: o longa-metragem de Berger, ganhando ou perdendo, é poderoso e chegou pra mexer com o imaginário do público.

 

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