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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Cidade Perdida' é filme divertido, ainda que datado


Sabe aqueles filmes que, logo de cara, já nos remetem para um período, uma época? Não necessariamente por conta de sua ambientação, mas por seu estilo, seu jeito, sua ideia ou até por seu elenco -- qualquer filme com Danny DeVito ou Steve Martin, por exemplo, tem cheiro de anos 1980 e 1990, respectivamente. Cidade Perdida tem justamente essa vibe: por conta de sua trama e seu estilo de direção, além da história aventuresca, parece saído direto dos anos 1990.


Dirigido por Aaron e Adam Nee (Band of Robbers), o longa-metragem conta a história de Loretta (Sandra Bullock), uma escritora que é sequestrada e se vê envolta em uma conspiração de um milionário maluco e excêntrico (Daniel Radcliffe) para resgatar um tesouro perdido em uma selva. No encalço de Loretta, tentando salvá-la dessa situação absurda, estão o modelo Alan (Channing Tatum) e uma máquina mortífera pronta para matar qualquer um na frente (Brad Pitt).


Sem grandes pretensões, Cidade Perdida é uma diversão honesta. Ainda que os irmãos Nee não sejam realmente talentosos, a trama consegue misturar aventura, comédia e ação em boas medidas -- lembrando bastante Alerta Vermelho, da Netflix, e o delicioso clássico Tudo por uma Esmeralda. É daqueles filmes que vamos no cinema, desligamos a mente, pegamos um saco de pipocas e um refrigerante, esquecemos tudo e aproveitamos toda aquela experiência na tela.

O ponto alto, porém, é o elenco. Sandra Bullock, depois dos medianos Bird Box e Imperdoável, está absolutamente confortável nessa mistura de gêneros e entrega cenas que lembram os seus clássicos, como Miss Simpatia e A Proposta. Tatum (Magic Mike) faz o mesmo papel de sempre, do bonitão de inteligência limitada. E quem rouba a cena, mesmo aparecendo apenas uns 30 minutos, é Brad Pitt: está bizarro, excêntrico, à vontade. Difícil não dar gargalhadas.


Há muita comédia física aqui, principalmente em cenas como das sanguessugas ou na forma que Daniel Radcliffe é conduzido como o vilão. No entanto, o ouro do humor aqui está na comédia de relações. Uma cena de Sandra Bullock se apresentando em um evento literário com o personagem de Tatum ao seu lado, chamando mais a atenção do que a escritora, é hilária. Fora as tiradas de Pitt, como já ressaltamos, que dão um tempero a mais na história como um todo.


No final, só fica uma reflexão necessária a ser feita: ainda há espaço para filmes como Cidade Perdida nos cinemas? Em um momento em que são priorizados os filmes-espetáculo, é de se questionar até que ponto um filme tão despretensioso assim tem espaço nas salas. Fica a anotação para observar a bilheteria e entender um pouco mais os rumos do audiovisual, tão borrados por conta do streaming. De resto, Cidade Perdida vale a pena para passar o tempo.

 

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