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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Chernobyl', da HBO, é reconstrução história surpreendente


Geralmente, aqui no Esquina, esperamos a conclusão de uma série para falar mais sobre ela. Só de vez em quando que rompemos essa "regra de ouro", por conta de produções muito boas ou ruins demais. Chernobyl, felizmente, está no primeiro grupo. Produção da HBO, a minissérie surpreendeu desde o primeiro episódio por conta de sua qualidade acima da média, a boa reconstrução histórica e os atores empenhados. E felizmente, numa direção contrária de Game of Thrones, está mantendo isso até o fim.

A série, composta por apenas cinco episódios, recria o clima da cidade de Chernobyl, da atual Ucrânia, antes, durante e depois da explosão na usina de energia nuclear que espalhou uma radiação nunca antes vista na história da humanidade. No meio desse caos, destacam-se alguns personagens históricos relevantes, como o general Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård), enviado especial do primeiro-ministro Gorbatchev; o professor Valery Legasov (Jared Harris); e a física Ulana Khomyuk (Emily Watson).

É incrível, logo na primeira cena, como o diretor Johan Renck (de Breaking Bad e Bates Motel) e o roteirista Craig Mazin (Se Beber, Não Case! Parte III) conseguiram recriar a época e, principalmente, os detalhes daquele momento histórico e fatal. Sem poupar o espectador de detalhes, principalmente a partir do terceiro episódio, a dupla conduz a trama por um meandro de acontecimentos que chocam, desesperam, causam revolta. A vontade genuína, de quem está do outro lado da TV, é levantar, gritar, avisar aquelas pessoas de que algo está muito errado nos procedimentos. Não é algo tranquilo ali.

A crueldade, retratada nos seus mínimos detalhes, vai se amplificando. Atualmente, enquanto escrevo este texto, a minissérie está em seu quarto episódio e mostra-se o efeito imediato da radiação. Já há cenas de revirar o estômago. Renck, para isso, se vale de um artifício inteligentíssimo de mostrar os personagens em situações banais para, logo em seguida, expô-los ao grande público com suas transformações, deficiências, queimaduras e coisas do tipo. Há um choque do que está sendo visto, mostrado na tela.

Os atores, todos de primeira, também elevam o nível geral da produção. Skarsgård (Mamma Mia!) apresenta um personagem complexo, que fica entre o dever de salvar as milhões de pessoas da região e as ordens que surgem de Gorbatchev e outros líderes soviéticos -- as trapalhadas de dirigentes da URSS, aliás, lembram demais A Morte de Stalin. Emily Watson (Ondas do Destino) está bem como há tempos não se via como uma física inconformada com a situação. Mas quem rouba a cena é o eterno coadjuvante Jared Harris (The Crown), que finalmente ganha o seu merecido posto de protagonista.

Chernobyl, assim, é um acerto em cheio da HBO que, depois do final mequetrefe de Game of Thrones, correu o risco de ficar queimada perante o grande público. É um terror de primeira, promovido por meio de acontecimentos sociais da História. Difícil qualquer fantasma, assombração ou serial killer assustar mais do que isso. Afinal, nada de ficção aqui. É apenas uma mistura assustadora de ingerência, falta de inépcia e autoridades passando por cima de autoridades. Que a série feche com chave de ouro!

 

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