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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Capitães de Zaatari' chega perto, muito perto de ser memorável


Todos já sabemos que o esporte, independente de qual modalidade, é uma ferramente de inclusão extraordinária. Com competições, treinos e trabalho em grupo, pessoas podem se ver incluídas na sociedade e, alguns casos, até mesmo transcender de situações extremas — é o caso do futebol no Brasil, por exemplo, em que muitas pessoas saem das favelas ao estrelato.


E é justamente sobre essa maravilha do esporte que trata o filme Capitães de Zaatari, na programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Ali El Arabi, o documentário acompanha Mahmoud e Fawzi, dois jovens que vivem em um campo de refugiados na Jordânia. Por lá, a situação é de pobreza absoluta, sem grandes perspectivas.


A esperança da dupla, tão fatigada pela tristeza que consome os seus, acaba surgindo no futebol. Times europeus vão para o campo de refugiados para encontrar talentos do futebol. É a maneira que a dupla vê de sair daquela situação, de escapar de um destino quase certo. A partir daí, ao longo de 73 minutos, acompanhamos Mahmoud e Fawzi lutando para viver o esporte.

Há uma beleza e tristeza unificada nessa visão dolorosa de Ali El Arabi sobre as perspectivas daquele povo, já que não parece existir qualquer outra possibilidade de escape daquela realidade tão dura, seca, árida. A esperança nos olhos da dupla é compreensível e, também, um tanto quanto desesperadora. Você, como espectador imóvel, quer que aquilo tudo dê certo.


Uma pena, porém, que o cineasta estreante não aprofunde algumas questões como deveria. Talvez pela falta de material ou por algum tipo de inaptidão na hora de acompanhar aqueles dois, faltam problematizações necessárias sobre aquela situação como um todo. Oras, europeus negam frequentemente a entrada deles em seus países. Mas quando é pelo futebol, tudo bem?


Ainda que o risco de ser perder fosse gritante, talvez uma boa opção fosse expandir o retrato daquele campo para mais do que esses dois jovens. Enfim: Capitães de Zaatari é bom, mas sem se tornar memorável. Afinal, falta esse estalo que traz mais reflexões acerca da situação da dupla. Do jeito que ficou, parece que pouco se avança realmente na questão de refugiados.

 

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