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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Campeões' diverte, apesar de erros de tom


Poucos filmes mais ingênuos poderiam passar tantos conflitos de emoções como Campeões, longa-metragem que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25. Remake americano do drama espanhol Forjando Campeões, de 2018 – que, por sua vez, já se parece bastante com o simpático Nós Somos os Campeões --, o longa-metragem parece acertar e errar em iguais medidas.


Dirigido por Bobby Farrelly (o irmão menos conhecido de Peter, de Green Book), o longa conta a história de Marcus (Woody Harrelson), assistente de um time de basquete que está passando por um momento ruim em sua vida: teve uma briga pública com o seu treinador, foi demitido e bateu o carro enquanto dirigia bêbado. Com isso, é condenado a prestar serviços comunitários por 90 dias, trabalhando como treinador de um time de jovens com deficiência intelectual.


Bobby, que é conhecido por seu humor ácido em comédias como Quem Vai Ficar com Mary?, se contém bastante. Quem assistir aos dois filmes sobre essa história, um do lado do outro, poderá encontrar até mesmo cenas que são absolutamente iguais. O cineasta parece estar contente em apenas reproduzir e não criar. Em alguns momentos, uma ou outra piada quase surge em cena, mas logo é contida. Parece que Farrelly tem medo de se mostrar ou, então, contido por outros.

Afinal, há uma preocupação evidente em colocar a equipe de jogadores com deficiência intelectual em um lugar de igualdade com o público. É aquela famosa sensação de que nós estamos rindo com eles e de forma alguma deles. São várias as cenas em que Marcus vira o alvo das piadas do grupo, que não é tratado de maneira despersonalizada. O roteiro de Mark Rizzo (da série Gravity Falls: Um Verão de Mistérios) tenta criar histórias individuais.


E esse é o maior acerto de Campeões. O filme fez um bom trabalho de seleção de elenco e colocou atores para interpretar esses jovens – todos eles realmente com deficiências intelectuais na vida real – que conseguem mostrar emoção e verdade em seus personagens. Woody Harrelson, que já tem uma história com o basquete no cinema (com o original Homens Brancos Não Sabem Enterrar, dos anos 1990), se junta bem com o resto do elenco.


O problema do filme, e que deve incomodar uma parcela considerável do público, é que ele se vale de um clichê que envelheceu como leite fora da geladeira: a história do branco que passa por um processo de redenção em cima de minorias. É algo que já é amplamente condenável quando se discute temas raciais, principalmente depois de filmes como Histórias Cruzadas, e que traz o mesmo incômodo ao se falar em deficiência intelectual. O grupo serve de escada.


Tirando isso, que é um grave problema, sobra uma história simpática, que tem seus méritos principalmente pelo elenco de jovens atores (Madison Tevlin, Kevin Iannucci, Ashton Gunning, Matthew Von Der Ahe, Tom Sinclair, James Day Keith, Alex Hintz, Casey Metcalfe, Bradley Edens) que, em um filme com problemas, merece ser celebrado pela boa presença do grupo em tela. Fica o desejo para que Campeões seja apenas o primeiro passo para a carreira de todos eles.

 

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