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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Boogeyman' volta a decepcionar com uma história de Stephen King


Virou regra: nos últimos anos, os filmes inspirados nos livros de Stephen King são realmente ruins. Obras como O Telefone do Sr. Harrigan, A Torre Negra, Carrie, Cemitério Maldito, 1922, Campo do Medo e Celular trouxeram tramas fracas, fracassando em crítica, público e bilheteria – It: A Coisa é exceção. Agora, o novo Boogeyman: Seu Medo é Real engrossa essa lista negativa.


Dirigido por Rob Savage (do bom Cuidado com Quem Chama), e estreia de 1⁰ de junho, o longa se vale do bicho-papão para falar sobre uma família em luto. Will Harper (Chris Messina) é pai de duas meninas, a pequena Sawyer (Vivien Lyra Blair) e a independente Sadie (Sophie Thatcher). E não estão nos melhores dias: a mãe acabou de morrer e o cotidiano da família ficou sombrio.


É aí que o bicho-papão, o folclore que personifica o medo, surge. Está na escuridão, no armário do quarto, no canto mofado da parede. Os primeiros 25 minutos de Boogeyman: Seu Medo é Real são desesperadores: Savage tem domínio da câmera e ambiente, dando medo em cada virada, em cada luz que apaga, em cada momento que Sawyer decide dar uma espiadinha no escuro.


Obviamente, mesmo nesse início, há o contexto do luto envolvendo os personagens, mas nada é exagerado, nada é forçado. Fica subentendido que a escuridão está dentro de Will, Sadie e Sawyer para que o bicho-papão encontre espaço para crescer, para se desenvolver. Savage está, corretamente, preocupado em assustar. E consegue: mesmo com uma atuação fraca de Messina (dos filmes Argo e Demônio), a gente se conecta com os personagens e sofre na poltrona.

Além disso, ainda que muito mais contido do que foi visto em Cuidado com Quem Chama, Savage parece se divertir em criar nesse começo. Ele gira a câmera para mostrar a parte debaixo da cama, brinca com os efeitos visuais da porta de uma lava-roupas, coloca olhos fixos nos personagens em cada canto da casa – e que, depois, pode se revelar como sendo apenas um reflexo inocente em um armário, as luzes em um eletrodoméstico e afins.


Só que logo fica evidente como os roteiristas Scott Beck (Um Lugar Silencioso), Bryan Woods (65) e Mark Heyman (Cisne Negro) não sabem trabalhar com o simples, com o básico – como acontece no conto de King, da coletânea Sombras da Noite. Parece que ter um monstro de pernas longas, finas e de rosto assustador é pouco. Aí o roteiro se complica e se torna chato.


Lembrando bastante a história de O Babadook, Boogeyman começa a falar mais sobre a depressão dos personagens do que sobre esse monstro. Isso coloca o filme em outro tipo de história: deixa de ser um simples filme de terror, que serve pra assustar e divertir, para tratar de temas complexos que exigem seriedade no trato. E é aí que tudo começa a desmoronar.


O medo, num estalar de dedos, some. O bicho-papão é só mais um monstro. Até a atuação das duas meninas, antes funcional, desaparece. E o filme começa a investir em cenas bregas, que causam até riso involuntário, com cenas como a da chama do isqueiro ou, então, a armadilha. E isso só comprova como o simples, às vezes, é mais eficaz. E, principalmente, que King precisa ter mais sorte nos cinemas – ou, então, um agente que saiba vender melhor suas histórias.

 

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