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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Blonde', da Netflix, é filme que apenas maltrata Marilyn Monroe


Chega a ser impressionante esse exercício onanista em formato de filme praticado por Andrew Dominic. Apesar de ser responsável por alguns outros bons filmes, como Chopper e O Homem da Máfia, o terrível Blonde consegue fazer o que parecia impossível nos dias de hoje: fazer com que Monroe seja tratada ainda mais como objeto de desejo sexual, quase sem vontade própria.


A ideia inicial, pelo que foi apresentado pela Netflix ao longo dos últimos dois anos, era fazer um mergulho na vida de Monroe a partir do livro homônimo escrito por Joyce Carol Oates. Não é uma biografia, afinal. É, na verdade, uma obra de ficção que se vale de uma linha narrativa sobre a vida da estrela de Hollywood, mas que imagina fatos, passagens e acontecimentos da história.


Seria um grande acerto, assim, se Blonde elevasse a figura de Monroe. Oras, apesar de todo talento e inteligência da atriz, ela foi tratada como objeto sem qualquer vergonha: seja na indústria, pelo presidente e até por Andy Warhol, que transformou seu rosto em um dos objetos mais compartilhados, repetidos e vendidos por aí. Marilyn, assim, deixou de ser uma pessoa.

O que o longa-metragem de Dominik faz, porém, é horrendo: Marilyn aqui é constantemente alvejada, torturada, violentada. Ao seu redor só existem personagens masculinos tóxicos. A única mulher, sua mãe, é doente e a trata mal -- até tenta matar a estrela, quando jovem. Não há uma tentativa de ir além dos estereótipos, pelo contrário. O longa-metragem só os reforça.


Fica evidente, e bastante óbvio, que o cineasta e roteirista tenta mostrar esse sofrimento de Monroe, como ela penou na mão de uma indústria machista. Mas talvez ele não tenha percebido como há, aqui, apenas reproduções de tudo que Monroe sofreu. Ana de Armas passa mais de 1/3 do filme nua, gratuitamente. Há até uma cena do ponto de vista de dentro de sua vagina.


Há uma ou outra qualidade técnica, principalmente quando Dominik se liberta de amarras e faz cenas visualmente interessantes, como um ménage logo no primeiro ato do filme -- com a imagem esticando, se juntando. Mas isso, obviamente, não basta. Sem o conteúdo, esse arroubo visual se torna apenas plasticidade vazia. O filme é exatamente o que Marilyn foi taxada em vida.


Blonde, dessa forma, talvez seja um dos maiores erros da Netflix. Uma criação que poderia ser mais criativa e ousada se torna ofensiva. Maltrata Marilyn Monroe. A oportunidade de mostrar Norma Jeane de forma não estereotipada é jogada no lixo, fazendo com que seu corpo seja usado à esmo mesmo décadas após sua morte. Repulsivo. Horrendo. Desesperador. Que erro.

 

1 comentário

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1 Comment


valdene_vasconcelos
Jan 22, 2023

Obrigada por postar. Obrigada por defende-la. Um filme mentiroso que só desrespeita e maltrata ainda Mais Marilyn Monroe. Ela não merecia isso.

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