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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Besouro Azul' surpreende em trama divertida, apesar dos vilões


Depois dos resultados medianos de Adão Negro, Shazam 2 e The Flash, filmes que estrearam após a troca de comando da DC nos cinemas, pouco se esperava de Besouro Azul. Afinal, vejam só: é o filme de um herói pequeno, em um universo dado como morto, e que poderia encontrar resistência para uma boa história. Mas surpresa: o filme, que estreia nesta quinta, 17, é bom.


Na trama, Jaime Reyes (Xolo Maridueña) é um filho de mexicanos que tenta a sorte após se formar na faculdade. A família não vai bem após um infarto do pai e a ameaça de perder a casa. Ele é a última esperança. Só que o desejo de seguir uma carreira como advogado, talvez, é frustrado quando ele conhece Jenny (Bruna Marquezine). Na tentativa de conseguir um emprego com ela, acaba entrando em contato com um artefato que o transforma no Besouro Azul, super-herói com habilidades de besouro, como força e carapaça – aqui, digital – que o protege de tiros.


Dirigido por Angel Manuel Soto (do pouco conhecido La Granja), o longa-metragem tem uma inocência que tem ficado para trás no cinema de heróis -- difícil não fazer uma comparação entre insetos e aracnídeos com Homem-Aranha; os dois heróis são jovens precisando lidar com poderes que chegam de repente, sem aviso. A ingenuidade nesse tipo de personagem acaba sendo um refresco interessante em um mar de produções que, nos últimos anos, estão se levando a sério demais, com uma complexidade desnecessária e que deixam tudo chato.


Besouro Azul tem uma história fechadinha em que acompanhamos esse jovem aprendendo a lidar com seus poderes em um ambiente que tenta esmagá-lo a qualquer custo – em uma analogia, inclusive, com a situação dos próprios latinos nos Estados Unidos. O sistema bate e persegue, mas ele é resistente. Há quem veja problema na retratação latina no longa-metragem, mas não vejo como: apesar do exagero de algumas situações, o filme é uma celebração.

Xolo Maridueña se revela como uma verdadeira estrela: ao lado de boas atuações de Bruna Marquezine e de George Lopez, o tio Rudy, o astro consegue transitar bem entre as emoções. Comprei, com sinceridade, o desespero do rapaz na hora que descobre os seus poderes. Existe ali medo e surpresa genuínos. Também são boas as referências que o roteiro de Gareth Dunnet-Alcocer faz à cultura mexicana, como telenovelas e um seriado que é queridíssimo no Brasil.


Uma pena que existam problemas no caminho e que colocam Besouro Azul em uma linha de filmes medianos -- ainda que seja de mediano pra bom. Por exemplo: a vilã vivida por Susan Sarandon: completamente à toa na história, acaba sendo mais um clichê ambulante do que uma vilã de fato. É ela quem maquina por trás, mas não deixa de ser aquele estereótipo da pessoa que dá uma gargalhada fatal, esfregando as mãos. Falta consistência e profundidade. O mesmo vale pra Carapax (Raoul Max Trujillo), que o roteiro tenta humanizar no último segundo possível.


Faltam, também, boas cenas de ação. Tirando uma última sequência, com inspiração em animes como Dragon Ball, todas as outras são esquecíveis com um trabalho artístico e visual que nada tem de refinado, sempre apostando em colocar a visão do herói de dentro de seu capacete. Falta mais apuro na movimentação de câmera, que parece correr em alguns momentos para diminuir os gastos com efeitos especiais – um dos problemas centrais vistos no mais recente The Flash.


Besouro Azul, enfim, é um bom filme da DC, mas que não resolve todos os problemas do estúdio – que começaram lá atrás, com Snyder. É divertido, tem um bom protagonista e traz uma latinidade sincera, ainda que em alguns momentos exagerada. Se fosse em outro momento, poderia indicar uma longa vida dentro do universo da DC nos cinemas, mas, agora, com Gunn no comando, tudo fica imprevisível. A torcida, porém, é que o Besouro Azul sobreviva e resista.

 

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