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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Beekeeper' é um 'John Wick' sem graça



Um homem sedento por vingança, em um mundo neon e cheio de inimigos extravagantes, precisa retornar ao seu trabalho antigo e reviver os aprendizados que teve como assassino profissional de uma espécie de seita. Estamos falando de John Wick? Não: é o pouquíssimo criativo Beekeeper: Rede de Vingança, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 11 de janeiro.


Dirigido por David Ayer, cineasta por trás do bom Corações de Ferro e do tenebroso Esquadrão Suicida, o longa-metragem parece não ter vergonha alguma de imitar os maneirismos da franquia estrelada por Keanu Reeves. É algo que não se limita pela estética, que é bastante puxada para o neon e cores luminosas, mas por toda a sua narrativa.


Afinal, como explicamos no início do texto, a história é basicamente a mesma. A diferença é que o ponto de ebulição para o protagonista Adam Clay (Jason Statham) não é o cachorro que o liga ao passado, mas uma vizinha que se suicida, após ser vítima de um golpe, e que é a única âncora de seu presente. A partir daí, ele irá atrás dos líderes da empresa que aplicou o golpe digital na senhora. É, basicamente, uma versão alternativa (e piorada) do que fez John Wick.


O problema é que Beekeeper não consegue chegar nem perto do que fez a franquia de Keanu Reeves – e sim, é preciso fazer a comparação, já que o roteirista Kurt Wimmer (O Vingador do Futuro) não parece ter tido vergonha de seguir por esse caminho conhecido e já visto.



Pra começar, a estética fica longe de ser tão atraente. Com exceção de uma cena já perto do final, de uma luta entre Statham e o ator Taylor James (Sansão), todas as outras sequências de pancadaria são mal filmadas por Ayer, que parece ter desaprendido a fazer filmes depois de Corações de Ferro. A câmera não só se movimenta demais, como quase impede que o espectador compreenda o que está acontecendo. Parece filme de ação dos anos 1980 com baixíssimo orçamento, quando não havia dinheiro para as coreografias.


Os personagens extravagantes também são mal encaixados dentro desse universo. Roteiro e direção nunca conseguem estabelecer uma mitologia para a sociedade de assassinos da qual Adam faz parte, os tal Beekeepers, e fica a sensação de que é apenas tosco.


O roteiro, porém, é a pior coisa. Tentando desesperadamente emular John Wick, a cada decisão narrativa, Kurt Wimmer cria diálogos tão terríveis quanto o próprio visual do filme. São exageradamente expositivos e, assim, pouco naturais – em determinado momento, um dos vilões vai atrás de Adam e, ao invés de uma busca desenfreada, há apenas um corte e já o encontra naturalmente, e sem qualquer emoção, duas cenas depois. E o que ele diz? “Oh, lá está o homem que explodiu nosso prédio”. Mistura de direção fraca e roteiro ruim.


O pior de tudo é que mesmo com tantas coisas fora de tom, Beekeeper sequer consegue ser engraçado como o bizarro Megatubarão 2, filme também com Jason Statham não se leva a sério em momento algum. David Ayer acha, a todo instante, que está construindo um filme de ação totalmente fora da caixinha e não percebe o ridículo de toda essa situação.


Beekeeper: Rede de Vingança, assim, se revela como a primeira grande bomba de 2024. É um filme não apenas sem personalidade, que tenta repetir as fórmulas de um sucesso do gênero, como também é mal filmado, mal dirigido e nunca sabe exatamente o que quer contar. No final, é a pior coisa possível: um filme sem o que dizer, apenas com algo a copiar.

 

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