Quando Jesus estava sendo julgado por Pôncio Pilatos, um criminoso estava ao seu lado. Era Barrabás, homem acusado de assassinado. Quando Pilatos estava quase inocentando Cristo, porém, uma reviravolta: o povo ao redor do imperador começa a exigir a condenação de Jesus, um traidor do Império Romano, e a absolvição de Barrabás. Pilatos, num gesto histórico, lava as mãos. E segue as vontades de seu povo.
Esta história, que desperta o fascínio de cineastas ao redor das décadas, acaba de pousar em território russo. O diretor Evgeniy Emelin levou a famosa passagem da Bíblia para a terra de Vladmir Putin com o longa-metragem Barrabás, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 12. Com ares épicos, o filme busca reconstruir a jornada deste homem que acabou colocando Cristo na cruz e se safando por algum tempo.
Estranhamente, escolheram lançar o filme no Natal -- apesar de seu caráter de Páscoa, falando sobre a morte e a ressurreição de Cristo. Mas tudo bem. Afinal, o que vende este filme não é sua qualidade, mas sua curiosidade. É a primeira interpretação em terras russas da morte de Jesus e, principalmente, da jornada de Barrabás. Aqui, Emelin se arrisca em criar um épico para chamar de seu, com ambientação ousada e poderosa.
Mas é impossível não tecer comparação com outros longas sobre o criminoso julgado ao lado de Cristo. Barrabás, de 1961, é mais poderoso e tem um Anthony Quinn inspirado. O de 1953, também chamado Barrabás, é o mais ousado e experimental. E um mais parecido com a versão russa de atualmente, lançado em 2012, direto para a TV, mas que conta com alguns dilemas narrativos interessantes e que dão certa potência.
Este novo filme, assim, acaba se tornando o lanterninha dentre as histórias de Cristo no cinema, a se julgar pela qualidade. Os atores não são bons -- principalmente o protagonista, Pavel Kraynov, que tem a profundidade de uma poça d'água em qualquer cena que aparece. Além disso, é evidente como a produção não tem dinheiro. Os efeitos são ruins, parte do figurino parece saída de um baile a fantasia e ambientes se repetem.
No entanto, não dá para apenas tacar pedra em Barrabás. Há de se destacar que Emelin e seu diretor de fotografia, Andrey Deyneko, são ousados e criativos. Colocam as câmeras em lugares improváveis e fazem interessantes jogos de filmagem -- a cena do julgamento de Barrabás ao lado de Cristo é lindamente filmada. Há cuidado no que está sendo produzido, apesar do amadorismo, e fica evidente nos 117 minutos de duração.
Assim, Barrabás é um filme interessante apenas pelo seu aspecto de curiosidade e a originalidade russa colocada na história. Mas segue a linha de outras produções do País de Putin que tentam copiar produções internacionais, como o terror Sereia e o filme de ação Os Guardiões. A qualidade fica abaixo e é impossível não sentir um desânimo. Ainda bem que há arte na câmera de Emelin. Isso salva o filme de uma catástrofe total.
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