É incrível como aquela máxima, que sempre circula nos grupos e conversas de críticos de cinema, é mais do que verdadeira: nunca duvide de James Cameron. Mesmo que alguns de seus projetos pareçam barcas furadas, não dá para desacreditar de seu potencial de levar pessoas às salas de cinema e, acima de tudo, de como sabe contar boas histórias. Prova disso é Avatar: O Caminho da Água, sequência do maior blockbuster do cinema que estreia nesta quinta-feira, 15.
Novamente dirigido por Cameron, o longa-metragem continua falando sobre a família Sully (com Jake, de Sam Worthington; Neytiri, de Zoe Saldaña; e os filhos). Depois dos acontecimentos de Avatar, de 2009, eles agora continuam em Pandora. No entanto, a ameaça dos humanos, vindos de uma Terra devastada, continua, principalmente em ameaças contra a família de Jake. É aí que vem a decisão dos protagonistas em deixarem a terra firme para buscarem refúgio na água.
Dessa forma, Avatar: O Caminho da Água expande o universo de Pandora e, sobretudo, personagens da franquia. Abraçando essa nova tribo, com atuação em CGI com Cliff Curtis e Kate Winslet, vemos novos espaços desse mundo. Cameron, como sempre, se dedica profundamente ao visual, justificando os 13 anos de demora para a estreia do filme depois de Avatar. Toda a criação aquática é milimetricamente pensada, com detalhes que encantam nesse novo universo.
Falando em visual, aliás, esse é o primeiro ponto de encanto com o longa-metragem. O Esquina assistiu ao filme em uma tela com projeção laser e tecnologia 3D. E apesar de todos os problemas desta última tecnologia, é incrível como Avatar: O Caminho da Água consegue causar imersão na história. O 3D não está ali apenas para uma ou outra cena, mas para criar camadas. Confesso que, em duas ou três cenas, até me confundi se era no filme ou na sala de projeção.
Para além da estética, o filme de James Cameron enfrenta sabores e dissabores. Sobre os pontos negativos, quase todos residem no roteiro. Escrito por Cameron, Rick Jaffa (Planeta dos Macacos: A Origem) e Amanda Silver (Mulan), o texto parece saído dos anos 1990. Seja por todos os conflitos ou, ainda, pelo problema central do filme: personagens femininas fraquíssimas. Não possuem qualquer motivação no filme além de proteger a prole, a comunidade ou afins.
De resto, porém, Avatar: O Caminho da Água é a essência de Cameron: ação, aventura e uma boa dose de mensagens ecológicas. Ainda que a primeira hora seja um tanto morosa, mostrando que o filme não precisava ter 3h15, depois o longa-metragem engrena e se torna empolgante, grandioso, impactante. As sequências que mostram os laços familiares e até mesmo os laços com animais de Pandora arrepiam. A cena do barco, ali no início do terceiro ato, é magnífica.
Curioso notar, também, como há ecos de Titanic nessa história, com os personagens precisando lidar com a água entrando no barco e, separados, necessitando fugir de qualquer maneira.
Avatar: O Caminho da Água mostra, assim, como James Cameron é um criador de blockbusters. Por mais desacreditado que esteja, o cineasta sabe contar histórias, sabe empolgar, exibir o cinema em seu máximo. Depois de ser desacreditada durante a pandemia, a tela grande mostra a sua força e importância justamente com a sequência do maior filme da história, em termos de bilheteria. Valeu a pena a espera de 13 anos e fica a dica: assista ao longa na maior tela possível.
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