Um dos maiores escândalos da história do esporte aconteceu nos Estados Unidos, mais especificamente entre os atletas de ginástica olímpica. Tudo concentrado na figura de Larry Nassar, médico oficial da equipe e que abusou sistematicamente de jovens americanos por, pelo menos, quatro anos. Tudo isso sem que a Federação do esporte movesse uma única agulha.
Agora, esta desconfortável, mas necessária história é contada em Atleta A, longa-metragem original da Netflix e que chegou ao serviço nesta quarta-feira, 24. Dirigido por Bonni Cohen e Jon Shenk (de Audrie & Daisy, também sobre abuso sexual), o documentário mergulho no descaso ao redor dessas jovens, a falta de apoio e o papel crucial nos depoimentos dados pelas vítimas.
Como 'Atleta A' conta a história?
Ao longo de pouco mais de 1h40, Atleta A se preocupa em mostrar os bastidores do caso, com detalhes, enquanto vai mostrando os vários lados da investigação que se armou entre pais, jornais e pessoas diretamente conectadas ao assunto. É quase um filme-protesto, em que Cohen e Shenk analisam a importância e a necessidade de falar, mas acima de tudo, de ser ouvida.
O que se destaca aqui, principalmente, é o claro respeito da dupla de diretores com relação aos sentimentos da vítima e o tom de indignação presente em quase toda a narrativa. Sente-se a dor do que está sendo contado ali, mas também a necessidade disso. Vale ressaltar, também, que o filme vai além do óbvio -- algo que, recentemente, a série de Jeffrey Epstein não foi capaz.
Logo, resume-se que Atleta A é uma série necessária. Afinal, sabe como contar a história com respeito e presença narrativa, sem se sobrepôr às histórias. Mas, acima de tudo, é competente ao alertar o espectador sobre a necessidade de ouvir vítimas de assédio e, acima de tudo, desconfiar. Ainda mais num ambiente como o do esporte, com os ânimos sempre à flor da pele.
É melhor do que a série da HBO?
Apesar disso, é impossível assistir ao filme sem traçar uma comparação direta com a minissérie No Coração do Ouro, da HBO. Lançada no Brasil em 2019, a produção conta exatamente a mesma história: os abusos e os bastidores dos crimes de Larry Nassar. No entanto, é claro, com mais tempo para desenvolver a história, mergulhar nos bastidores e falar mais sobre o caso.
Ainda que tenha menos sensibilidade, quando comparado com o documentário da Netflix, No Coração do Ouro acaba sendo alguns degraus superior em qualidade narrativa. Afinal, a produção soube se aprofundar em absolutamente todos os aspectos necessários, sem ficar corrido ou deixar pontos importantes para a compreensão do espectador de fora por tempo.
Por exemplo: compare o final do caso entre No Coração do Ouro e Atleta A. É absolutamente inegável a maior competência da produção em amarrar tudo. Isso sem falar das excelentes passagens do julgamento, aqui deixadas de lado pela produção da Netflix. Assim, para finalizar, digo o seguinte: quer saber sobre o caso rapidamente? Netflix. Se aprofundar? Vá pra HBO.
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