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Foto do escritorBárbara Zago

Crítica: 'Até os Ossos' promete drama muito além do canibalismo


É estranho pensar que a Warner investiu em uma produção que é essencialmente um road movie sobre adolescentes canibais apaixonados. Especialmente por ser estrelado por Timothée Chalamet e dirigido por Luca Guadagnino, ambos de Me Chame Pelo Seu Nome -- ainda mais depois de toda a polêmica com Armie Hammer no início do ano passado. Apesar do mau tom, Até os Ossos promete muito mais do que apenas cenas gore de canibalismo.


Obviamente, não é a primeira vez que Guadagnino se envolve com o gênero do romance. Em 2017, Me Chame Pelo Seu Nome inclusive lhe rendeu 2 indicações ao Oscar. Também não é a primeira vez que o diretor se encontra com o gênero do terror. Em 2018, fez uma nova versão de Suspiria, filme clássico de 1977 de Dario Argento. Em Até Os Ossos, une ambos os gêneros em uma proposta diferenciada.


Maren (Taylor Russel) é uma adolescente que de tempos em tempos sente a necessidade de se alimentar de carne humana e, como consequência, é obrigada a fugir da cidade em que mora após tais ocorridos. Depois de inúmeras mudanças, é abandonada pelo pai, que lhe deixa somente uma fita K7 e um documento com o nome completo de sua mãe.

A partir daí, Maren segue em busca dela. Em seu caminho, conhece Sully (Mark Rylance), um homem também canibal que lhe ensina a prestar mais atenção ao seu olfato para identificar e se aproximar de outros como eles. Depois, conhece Lee (Timothée Chalamet) e percebe que têm em comum algo além dessa necessidade instintiva. E Até Os Ossos, apesar da premissa excêntrica, é sobre dois jovens que buscam entender a que lugar pertencem e com quem pertencem.


Até os Ossos tem muitos pontos positivos. A fotografia do filme é belíssima: Maren e Lee viajam pelos Estados Unidos durante os anos 80 e Guadagnino parece ter prestado muita atenção aos detalhes. Além disso, o diretor sabe colocar na tela um erotismo que envolve o espectador. Taylor Russel e Timothée Chalamet fazem um bom trabalho e entregam uma certa química. É bonito ver o amor juvenil, intenso e tão entregue. Apesar disso, quem rouba a cena é Mark Rylance. Mesmo com menos tempo de tela, é de longe o personagem mais interessante e é uma pena ser tão pouco explorado.


O que acontece é que Até os Ossos, em determinado momento, começa a seguir muitos caminhos e a não explorar nenhum deles. Nem mesmo a proposta visceral do canibalismo, tendo somente duas cenas mais chocantes durante todos seus 131 minutos. Deixa também de explorar a relação de Maren com sua mãe. Ou os problemas familiares de Lee. Nos é entregue um road movie belo, mas superficial, de dois jovens cujo foco está muito mais em entender quem são e quais seus valores morais, do que necessariamente sobreviver.

 

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