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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Assassino sem Rastro' mostra esgotamento do cinema de ação


É interessante notar como o cinema de ação não conseguiu produzir novos nomes nos últimos anos -- parece que a última leva veio com Dwayne Johnson e companhia. Não surgiram grandes atores pelo menos nos últimos 7 ou 8 anos, fazendo com que o gênero fique derrapando sempre nas mesmas histórias. Uma prova disso é a massa genérica que é Assassino sem Rastro.


Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 9, o longa-metragem é um remake do filme De Zaak Alzheimer, de 2003. E esses 19 anos que separam o filme original e esta nova versão não fizeram bem à história. O diretor Martin Campbell (Lanterna Verde) e o roteirista Dario Scardapane (O Justiceiro) não esforçam em mudar detalhes essenciais dentro dessa trama.


A história, afinal, é a mesma de 2003: Alex (Liam Neeson) é um assassino profissional que se revolta quando descobre o que há por trás de um de seus serviços. Aos poucos, ele começa a se vingar contratantes. No meio do seu caminho, porém, duas coisas: o agente Vincent Serra (Guy Pearce) e, como diz o título do longa-metragem, o Mal de Alzheimer, já em estado avançado.


Parece um trabalho preguiçoso, em que o filme localiza a trama em um mundo pré-digital apenas por preguiça e não por alguma necessidade narrativa. É mais fácil justificar as ações do protagonista se não existirem câmeras captando o que está acontecendo no seu caminho, mesmo que a história não exija a ambientação (que não é feita corretamente) dos anos 2000.

Neeson, além disso, parece estar sempre reciclando trabalhos que já fez em outros momentos. Assassino sem Rastro acaba se tornando uma mistureba de vários outros filmes de ação do astro, lembrando particularmente Caçada Mortal, Desconhecido e Vingança a Sangue-Frio. Não há nada de original aqui, com tudo feito da maneira mais genética, prática e fácil possível.


Ainda há a completa falta de vontade de Campbell: depois de Lanterna Verde, sua carreira, que já não era das mais celebradas, entrou em um colapso completo. Assassino sem Rastro é apenas um pedaço de uma tragédia de três atos, contando ainda com a companhia de O Estrangeiro e A Profissional. O diretor ficou perdido no tempo e sem encontrar suas qualidades.


Com isso, volto a afirmar algo que já tinha dito na ocasião da estreia de Missão Resgate: Liam Neeson estava certo, em 2021, quando anunciou que ia se aposentar do cinema de ação. Infelizmente, o astro não está mais encontrando bons papéis e ficando dando voltas sempre nas mesmas histórias. Será que o público precisa de tramas tão ultrapassadas, sem vida?


Neeson fica melhor em thrillers, dramas, seja lá o que for. E o cinema de ação, por outro lado, precisa reagir. Por ser um cinema mais caro e associado ao público masculino mais velho, produtoras e estúdios ficam apostando repetidamente nas mesmas figuras, nos mesmo nomes de sempre. Já chegou a hora do século XXI invadir o cinema de ação e trazer novas histórias.

 

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